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Intercâmbio na Bahia reúne organizações para debater indicadores da agroecologia

Entre os dias 14 e 16 de março, representantes do Movimento Mecenas da Vida, do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro) e do CETAP, estiveram reunidos no município de Serra Grande, no Sul da Bahia. O encontro contou também com a presença da Dra. Hannah Wittman, professora pesquisadora da University of British Columbia, no Canadá e do representante da equipe de suporte do aplicativo LiteFarm, David Trapp. O objetivo foi compartilhar o andamento do projeto Agroecologia na América Latina: construindo caminhos e planejar as próximas ações do projeto.

No primeiro dia do encontro aconteceu uma rodada de apresentações, onde os presentes puderam relatar um pouco do trabalho desenvolvido nas suas regiões. Participou também a coordenadora do Núcleo Serra Grande da Rede Povos da Mata, que falou sobre a rede e seu processo de certificação participativa. Na sequência foi retomado o histórico do projeto Agroecologia na América Latina: construindo caminhos.

A professora Hannah Wittman recordou que foi realizado um mapeamento de aplicativos de gestão agrícola existentes e as ferramentas encontradas eram majoritariamente voltadas para a agricultura convencional, de monocultora, com aplicativos pagos. Assim, surgiu a ideia do LiteFarm, um software livre, gratuito e com um olhar para a agricultura diversificada, que posteriormente veio a se agregar ao projeto piloto. Hannah lembrou que é um grande desafio trabalhar com o contraste entre a complexidade da Agroecologia e a pesquisa acadêmica tradicional. Um dos objetivos do estudo em andamento é mostrar o potencial da Agroecologia na América Latina.

Cada participante pode compartilhar as impressões iniciais do projeto e como foi o andamento da primeira fase, que envolveu 15 famílias em cada região. Foram apresentadas as estratégias usadas em cada momento e o envolvimento das famílias no registro dos dados iniciais. À tarde aconteceu uma reunião com os demais membros do Comitê Gestor e equipe da IAF (Fundação Interamericana), de forma híbrida, incluindo de forma virtual quem não estava no local do encontro. Nesta oportunidade a professora Hannah apresentou o atual estágio dos registros no LiteFarm e David Trapp fez uma rápida demonstração de como será feito o preenchimento dos indicadores qualitativos no sistema.

A comitiva também teve oportunidade de visitar três propriedades de famílias agricultoras que estão participando do projeto e conhecer melhor a realidade da agricultura agroecológica realizada no Sul da Bahia. Também foi visitado o Assentamento Dois Riachões, onde Luciano Ferreira da Silva, jovem assentado e umas das lideranças locais, destacou que “a ferramenta [LiteFarm] é interessante porque os relatórios podem ajudar na tomada de decisões sobre a produção e ajudar a avançar nos processos de certificação e comercialização”.

O projeto conta atualmente com a participação de famílias agricultoras espalhadas por cinco países latino-americanos: Brasil, Paraguai, México, Equador e El Salvador. É uma iniciativa desenvolvida através de cooperação internacional entre a Fundação Interamericana (IAF), a Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro – Brasil) e sete organizações que promovem a Agroecologia na América Latina: Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP – Rio Grande do Sul), Movimento Mecenas da Vida (Bahia), Centro Campesino e Rede Tijtoca Nemiliztli (México), Fundesyram (El Salvador), Movimiento de Economía Social y Solidaria del Ecuador (Messe – Equador), Asociación de Productores Orgánicos (APRO – Paraguay).


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Escola socializa aprendizados sobre abelhas nativas sem ferrão 

No dia 31 de março os alunos e professores da Escola Municipal de Educação Infantil Padre Alcides receberam a visita dos alunos do 7° ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Irmã Maria Margarida, ambas localizadas na Vila Victor Issler, em Passo Fundo/RS. O objetivo foi relatar a experiência de convivência e cuidado com as abelhas nativas sem ferrão, destacando seu papel fundamental na produção de alimentos.

Através de uma parceria com o CETAP, a Emei Pe. Alcides se tornou uma Unidade de Referência em Meliponicultura Urbana, com diferentes tipos de abelhas nativas sem ferrão, distribuídas em caixas no pátio da escola. Nesta atividade, os alunos da escola, juntamente com a equipe técnica do CETAP, retomaram alguns aspectos básicos sobre o cuidado e manejo das abelhas nativas, apresentando também alguns aprendizados que a convivência com as abelhas já proporcionaram.

Os alunos da educação infantil ajudaram a responder dúvidas levantadas pelos alunos do 7º ano, num momento de integração e envolvimento mediado pelos professores. Na sequência, a turma visitante, da Escola Irmã Maria Margarida, pode conhecer o meliponário e ter um contato mais direto com as abelhas sem ferrão. A atividade reuniu 63 pessoas e foi uma rica oportunidade para trocar experiências e difundir o trabalho com as abelhas nativas sem ferrão, reforçando sua importância vital na natureza.


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Oficina sobre abelhas sem ferrão reúne 200 alunos em escola de Água Santa

No dia 30 de março de 2022 aconteceu uma oficina sobre Abelhas Nativas Sem Ferrão na Escola Municipal de Ensino Fundamental Pe. Raimundo Damin, em Água Santa/RS. A atividade reuniu aproximadamente 200 estudantes da rede municipal de ensino, do 1º ao 9º ano. O objetivo foi divulgar o Meliponário comunitário urbano, que será implantado na praça central do município, como espaço de educação ambiental popular.

A oficina foi espaço de conscientização das crianças sobre a importância de preservar as abelhas nativas sem ferrão, bem como as plantas nativas da nossa região, que são alimentos para as mesmas. Além disso, foi solicitado o apoio das crianças para que elas possam ser guardiãs das abelhas, auxiliando no cuidado do espaço, por meio da orientação aos seus familiares e conhecidos.             

No primeiro momento foi realizada uma conversa com as crianças, destacando as diferenças entre as abelhas com ferrão e as abelhas sem ferrão, nativas do Rio Grande do Sul. Os estudantes assistiram alguns vídeos educativos e a equipe técnica do CETAP conduziu o trabalho explicando e debatendo sobre o processo de polinização, estrutura dos ninhos de abelhas, diferenças entre os enxames e características das diferentes espécies. Por fim, os alunos tiveram contato direto com quatro enxames diferentes de abelhas nativas sem ferrão, oportunidade de sentir o aroma da cera e da própolis das abelhinhas.  

Os estudantes ficaram muito entusiasmados com a oficina e definiram que irão acompanhar as atividades no dia da inauguração do Meliponário na praça municipal. Muitos deles se comprometeram em auxiliar no cuidado do espaço e também em fazer iscas para captura de mais enxames, ampliando a população das abelhas sem ferrão no município. A oficina foi promovida pelo CETAP, por meio do convênio com a Prefeitura de Água Santa, em parceria com a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, juntamente com a Secretaria de Educação e Cultura do município e a coordenação pedagógica da escola. Esta ação está integrada ao projeto Consumidores e Agricultores em Rede, desenvolvido pelo CETAP com o apoio da Missereor.


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Projeto Agroecologia na América Latina: construindo caminhos amplia número de famílias envolvidas

Novas famílias que fazem parte dos núcleos de certificação da Rede Ecovida de Agroecologia, nas regiões Alto Uruguai e Planalto do Rio Grande do Sul estão sendo incluídas no Projeto Agroecologia na América Latina: construindo caminhos. Inicialmente, 15 famílias se envolveram na proposta e agora, no terceiro semestre do projeto, a equipe técnica do CETAP está realizando reuniões e visitas para ampliar o número de pessoas envolvidas e aumentar a base de dados da produção agroecológica na região.

Nas visitas e reuniões com as agricultoras e agricultores agroecológicos assessorados pelo CETAP está sendo apresentada a proposta geral do projeto e também detalhes sobre a utilização do aplicativo LiteFarm, destacando seus benefíciosno planejamento da produção e na gestão das propriedades. O objetivo é que mais famílias possam estar se integrando ao projeto e passem a usar o aplicativo, que é fornecido de forma totalmente gratuita. Neste momento, têm-se um olhar especial para o envolvimento de mais mulheres e jovens agricultores no projeto.

O projeto é uma iniciativa piloto que busca coletar e sistematizar evidências científicas para o desenvolvimento de Indicadores da Agroecologia. Para isso está sendo utilizado um sistema web, que também pode ser acessado através de um aplicativo para celular. Este aplicativo, desenvolvido pela Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), no Canadá, está sendo formatado e adaptado com a contribuição de diferentes organizações, a partir deste trabalho de campo.

Com o formato de uma pesquisa-ação, o projeto conta atualmente com a participação de mais de 100 famílias agricultoras espalhadas por cinco países latino-americanos: Brasil, Paraguai, México, Equador e El Salvador. É uma iniciativa desenvolvida através de cooperação internacional entre a Fundação Interamericana (IAF), a Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) – através da professora canadense Dr. Hannah Wittman, o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro – Brasil) e sete organizações que promovem a Agroecologia na América Latina. São elas: Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP – Rio Grande do Sul), Movimento Mecenas da Vida (Bahia), Centro Campesino e Rede Tijtoca Nemiliztli (México), Fundesyram (El Salvador), Movimiento de Economía Social y Solidaria del Ecuador (Messe – Equador), Asociación de Productores Orgánicos (APRO – Paraguay).


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Oficina sobre manejo retoma atividades na horta da EMEI Padre Alcides

No mês de março foram retomadas as oficinas sobre manejo de horta na Escola Municipal de Educação Infantil Padre Alcides, na Vila Victor Issler, em Passo Fundo. A atividade teve como objetivo recuperar a horta da escola, que teve sua manutenção prejudicada durante a pandemia. Também foi apresentada esta proposta para os novos alunos, para que as crianças possam mexer com a terra, plantar e cultivar alimentos orgânicos para seu próprio consumo, de forma lúdica e saudável.

Nos dias 22 e 28 de março, um grupo de 80 pessoas, entre estudantes, equipe técnica do CETAP e a equipe da escola, juntamente com a coordenadora pedagógica, prof. Danielly Jury e a diretora, prof. Gerusa Zanotto, realizaram a limpeza do pátio e da horta, preparando a terra e adubando-a com o substrato retirado da composteira de chão já existente no local. O principal objetivo é retomar as atividades de plantios de hortaliças e legumes, trabalhando a importância da própria comunidade escolar produzir e consumir alimentos saudáveis. 

Durante as oficinas, foi trabalhada a temática das abelhas e sua importância para a produção de alimentos. A escola também é uma Unidade de Referência em Meliponicultura Urbana, possuindo vários enxames de abelhas nativas sem ferrão. Este trabalho vem sendo desenvolvido desde o segundo semestre do ano passado, através de um projeto de cooperação apoiado pela Misereor, entidade internacional vinculada à Igreja Católica. Também foi implementada uma segunda composteira na escola, para ampliar as possibilidades de reaproveitamento das sobras de alimentos, transformando-as em adubo para o cultivo nas hortas.


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Por trás do Alimento: farinha artesanal de mandioca

Quem aí não vive sem farinha de mandioca no prato? E você sabe todo o trabalho, dedicação e saberes que existem por trás desse alimento?

Neste episódio da série ‘Consumidores e Agricultores em Rede’, vamos conhecer o processo de produção da farinha artesanal de mandioca, essa joia da cultura alimentar catarinense. Para isso convidamos o casal de agricultores Catarina e Celso Gelsleuchter, agricultores do município de Angelina. Eles nos contam o passo a passo do plantio da mandioca até a embalagem da farinha.

A realização deste vídeo é uma parceria entre Cepagro, Centro Vianei (SC), AS-PTA (PR) e CETAP (RS) através do projeto Misereor em Rede, apoiado pela @misereor.

🎬 Roteiro e direção: Giselle Miotto
📹 Câmera e edição: Charles Steuck
🎶 Trilha sonora: Seu Miguel e Dona Tyta, Guaypeca
✍️ Ilustrações: Associação Slow Food do Brasil em parceria Pró-Semiárido (FIDA/SDR-BA), Galvão Bertazzi e Aline Assumpção
🧡 Agradecimentos: Família Gelsleuchter e Rede Catarinense de Engenhos de Farinha


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Intercâmbio sobre experiências urbanas de produção, comercialização e consumo de alimentos

Lideranças populares e estudantes participaram de um intercâmbio, realizado dias 16 e 17 de março de 2022, em Florianópolis/SC. O objetivo foi a troca de informações e conhecimentos sobre a produção de alimentos em espaços urbanos, a organização e o funcionamento de cozinhas comunitárias e o processo de comercialização através de Células de Consumo Responsável.

A atividade foi organizada pelas equipes técnicas do CETAP (Centro de Tecnologias Alternativas Populares) e do Cepagro (Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo), com a participação de 13 pessoas de Passo Fundo/RS, entre representantes de cooperativas de recicladores e da ocupação do Bairro Zachia, agricultora ecologista, além de aluno do curso de Nutrição da UPF (Universidade de Passo Fundo).      

Foi realizada uma visita ao espaço coordenado pela ASA (Ação Social Arquidiocesana), serviço da Arquidiocese de Florianópolis, filiada à Cáritas Brasileira, que tem uma cozinha comunitária que processa alimentos doados e onde voluntários produzem alimentos que são fornecidos em forma de marmitas para moradores de rua. Este local também abriga um atelier de costura, para realização de serviços de consertos em geral e dispõe de equipamentos para produção de panificados. Os pães produzidos são comercializados a preço de custo para a comunidade.

Outro local visitado foi um espaço na comunidade onde é realizada a compostagem a partir da coleta de resíduos orgânicos. Os insumos produzidos são utilizados na produção de hortaliças e ervas medicinais. Os organizadores reforçaram que é importante realizar atividades de formação, envolvendo principalmente mulheres e crianças, para avançar neste trabalho.

O grupo também realizou uma visita a um CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), onde foi apresentada a importância da horta comunitária como espaço de terapia, especialmente para despertar a necessidade do cuidado, através do cultivo de alimentos saudáveis. Ressaltaram que uma das propostas do espaço é fazer partilhas de receitas e resgate de memórias afetivas das comidas caseiras.

Em uma roda de conversa foi apresentada a proposta de comercialização de alimentos através de Células de Consumo Responsável, iniciativa acompanhada pelo Cepagro. Foi possível visitar o espaço de distribuição de cestas e conhecer um pouco mais sobre esta experiência, onde os consumidores pagam mensalmente pelos alimentos, de forma antecipada, e os agricultores entregam as cestas com itens da estação. Caso houver disponibilidade de outros produtos, os consumidores podem demandar itens adicionais. Foi destacado que esta proposta demanda muita organização e confiança entre agricultores e consumidores.

A atividade foi finalizada com uma conversa na sede do Cepagro, onde após uma visita pelo local, foi realizada uma apresentação dos trabalhos realizados pela instituição. Os participantes avaliaram o intercâmbio como muito positivo e enriquecedor, especialmente pelas experiências partilhadas. Ficou o desafio de implementar algumas ações em seus espaços de atuação, principalmente referente a reciclagem de resíduos, produção de alimentos e qualidade nutricional.


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Em São Francisco de Paula, iniciativa promove extrativismo sustentável de frutas nativas

Rosane da Silva Becker é agricultora e extrativista que vive no interior de São Francisco de Paula, nos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul. Rosane sabe bem da importância da ampliação qualificada das políticas públicas para quem, como ela, trabalha com extrativismo na região. “A agroecologia e o extrativismo representam uma boa parte da renda para o município e merecem ser valorizados”, afirma ela. Com a filha Jaqueline, de 18 anos, que está se formando como técnica agrícola, Rosane toca uma pequena propriedade na comunidade de Fazenda Velha. No local, elas estão fazendo a transição do sistema de produção convencional para a agroecologia, têm uma agrofloresta e trabalham com extrativismo de frutas nativas, como o guamirim, e com casca de araucária. Foi a partir de experiências como a delas, e também de outras múltiplas formas de viver a partir da prática extrativista, que surgiu a questão que permeou a incidência da iniciativa Agroecologia nos Municípios, da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), em São Francisco de Paula: “O que podemos melhorar no trabalho com o extrativismo?”.

Com mediação do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap), a proposta foi elaborar um diagnóstico da situação e identificar as principais necessidades de trabalhadoras e trabalhadores locais que lidam diretamente com o extrativismo, além de articular órgãos públicos, setores do turismo, da saúde, comércio e outros agentes. A partir desse levantamento, a construção de um Plano Municipal de Apoio e Promoção ao Extrativismo Sustentável (PMAPES) ganhou bases concretas e agora segue em discussão com mais potência. O pinhão, semente da Araucária, símbolo cultural da região e do município, tem sido o protagonista neste momento, mas a ideia é trabalhar com a diversidade de espécies nativas. De acordo com Tiago Zilles Fedrizzi, do Cetap, o objetivo central é o apoio e promoção do uso da sociobiodiversidade nativa como forma de conservação ambiental e geração de renda, ainda mais em um contexto de avanço da conversão de áreas de campo nativo e florestas para a agricultura convencional. “Portanto, uma estratégia de conservação pelo uso das espécies nativas e manutenção da paisagem agrícola e cultural no território”, explica ele. 


Oficina de hidrolatos e óleos essenciais a partir de plantas nativas / Foto: Cetap

As principais demandas identificadas 

Foram realizados inúmeros encontros e conversas envolvendo grupos de agricultoras e agricultores familiares, extrativistas, sujeitas e sujeitos sociais que têm sua vida ligada às práticas do extrativismo. Também  foram aplicados questionários e realizadas oficinas de formação e sensibilização para o uso das plantas nativas para além da alimentação, como na produção de óleos essenciais e hidrolatos. 

Entre as principais demandas identificadas no diagnóstico estão questões estruturais, de segurança e comercialização, capacitação e sucessão. Na infraestrutura: aquisição de máquinas e equipamentos que contribuam no manejo da debulha das pinhas, armazenamento em câmara fria para escoamento e melhor preço, central de recolhimento e distribuição coletiva e melhoria nas estradas de acesso ao interior; na segurança: equipamentos e capacitação para ascensão nos pinheiros, de modo a reduzir mortes e acidentes; na comercialização: acesso a mercados que valorizem o produto e menor dependência dos atravessadores; na capacitação: sensibilização das boas práticas/possibilidades de uso das espécies nativas; e, por fim, na sucessão: estímulo à reposição e regeneração das espécies nativas (incentivo econômico).  

“A partir do envolvimento e construção das ações de sensibilização, passamos a nos dar conta que, embora pouco visibilizada, a atividade do extrativismo do pinhão representa, do ponto de vista econômico, social e ambiental, um sistema de produção agrícola fundamental para a manutenção de centenas de famílias durante a safra, seja pela comercialização para intermediários, seja para consumo. Portanto, fundamentais para a segurança e soberania alimentar das famílias rurais ou urbanas”, destaca o relatório produzido pelo Cetap a partir da incidência em São Chico, como é popularmente conhecida a cidade.

O diagnóstico aponta também que boa parte das pessoas envolvidas na atividade não possui terra, dependendo, então, da coleta em áreas de terceiros ou áreas públicas, que são as que mais têm sido transformadas na direção da chamada agricultura convencional. “Assim, a experiência prévia passa a sugerir caminhos a serem construídos na incidência política, como a visibilidade da atividade do extrativismo e necessidade de valorizar trabalhadores e trabalhadoras que existem e resistem na atividade”, aponta o relatório do Cetap.


Encontro realizado em São Chico para levantar demandas para melhorar o trabalho no extrativismo / Foto: Cetap

Envolvimento do poder público em vários setores

Diversas Secretarias Municipais que, direta ou indiretamente, têm relação com a temática foram envolvidas. A Secretaria do Desenvolvimento Social, através do Centro de Referência em Assistência Social (Cras), por exemplo, teve participação importante na aplicação do questionário junto ao público assistido. A atual Secretária Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade, Michele Knob Koch, salienta que o trabalho realizado foi de extrema importância para São Francisco de Paula. “Foi um processo de envolvimento de muitas áreas que o município não teria condições de desenvolver sem a incidência que houve a partir do Cetap, que já conhece bem a nossa realidade, e da iniciativa Agroecologia nos Municípios. O que temos agora é um banco de dados mais concreto para buscar avançar nas políticas públicas”, afirma Michele Knob Koch, que também é presidenta do Conselho Municipal de Meio Ambiente. 

Selo “Estabelecimento Amigo das Frutas Nativas”

O setor de turismo também participou. Muitos espaços de hotelaria têm interesse em apostar nos pratos tradicionais à base de frutas e sementes nativas, como o pinhão. Tiago Zilles Fedrizzi, do Cetap, aponta que para São Francisco de Paula, que já possui forte impulso no turismo ecológico, dar mais luz às práticas agrícolas históricas calcadas na esfera do extrativismo sustentável é a possibilidade de mostrar que floresta em pé é floresta que traz, também, retorno econômico. 

Neste sentido, no mês de novembro de 2021, foi realizada em São Chico uma rodada de negócios dos produtos das frutas nativas do Rio Grande do Sul, com participação de vários agentes locais articulados pelo Cetap, como produtoras e produtores, empreendimentos do setor turístico, Prefeitura Municipal, Secretaria de Turismo e Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade. No evento, foi  apresentado o selo da marca Estabelecimento Amigo das Frutas Nativas. O selo faz parte da iniciativa da Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas, uma estratégia que já vem trazendo resultados em várias regiões do Rio Grande do Sul. 

Para além de São Chico

As ações no município passaram a ganhar visibilidade e, como se diz no Rio Grande do Sul, se “espraiaram” para um território mais amplo. Destaca-se uma articulação de abrangência regional: o Condesus (Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável dos Campos de Cima da Serra). No consórcio, a discussão avançou para a construção de um edital que estimule ações na mesma direção em todos os 12 municípios participantes. 

Fonte: Jornal Brasil de Fato

*Por Adriane Canan, comunicadora popular da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

**Acompanhe a coluna Agroecologia e Democracia. A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) é um espaço de diálogo e convergência entre movimentos, redes e organizações da sociedade civil brasileira engajadas em iniciativas de promoção da agroecologia, de fortalecimento da produção familiar e de construção de alternativas sustentáveis de sistemas alimentares. Leia outros artigos.


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AMAte – autocuidado, cultura e produção de alimento saudável

No dia 24 de março, no Parque do Ibama, em Ilópolis/RS, aconteceu o encontro AMAte, reunindo 22 agricultoras familiares e assessores técnicos em agroecologia. O título da atividade refere-se ao ato de amor relacionado ao autocuidado e também ao cuidado com o próximo, atrelado à produção de alimentos saudáveis por meio da agroecologia, que beneficia a todos, agricultores e consumidores. Além disso, a produção e o consumo da erva-mate estão totalmente inseridos em nossa cultura local, o que precisa ser sempre valorizado, assim como o trabalho das mulheres rurais.

Dessa forma surgiu o tema do evento, para valorizar e dar visibilidade ao trabalho da mulher na construção, fortalecimento e desenvolvimento da agroecologia. No encontro AMAte foi possível compartilhar conhecimentos, trocar experiências e receitas, com um olhar mais atento para a erva-mate e as frutas nativas, ambos produtos não-madeireiros da Mata Atlântica e de grande importância para a manutenção da biodiversidade e geração de emprego e renda na agricultura familiar.

O dia iniciou com a apresentação dos participantes através da dinâmica da teia, onde cada pessoa falou seu nome, atuação, local onde vive e descreveu em uma palavra o que a agroecologia significa para si e em outra palavra qual o maior desafio para fazer agroecologia hoje. Após este momento, foi feita uma trilha pelo parque, onde a geógrafa e também empreendedora da Inovamate, Ariana Maia, fez uma explanação sobre a história da erva-mate, desde a colonização até a atualidade. Durante este momento, houve diversos questionamentos por parte das agricultoras, o que fortaleceu o debate para a conscientização das participantes.

Na sequência, a equipe técnica do CETAP abordou a importância da valorização das frutas nativas para a manutenção da biodiversidade e geração de renda. O almoço foi preparado pelo empreendimento Encontro de Sabores, de Passo Fundo/RS, com pratos elaborados a partir do pinhão, nativo da Mata Atlântica e de grande importância na região. Na parte da tarde, o grupo visitou uma propriedade que produz erva-mate aliada à conservação ambiental, com outras arvores nativas consorciadas e produção de alimentos através de um Sistema Agroflorestal.

A avaliação foi muito positiva e ficou encaminhado que serão realizados outros encontros para maior aprofundamento dos temas. O CETAP também se colocou à disposição para auxiliar as famílias produtoras tanto no cultivo de erva-mate como de alimentos em sistema agroecológico e agroflorestal.

O intercâmbio foi organizado pelo CETAP, juntamente com a Inovamate, empresa focada em produtos naturais oriundos da erva-mate, com o apoio da Associação AA Erva-mate e do Ibramate (Instituto Brasileiro da Erva-Mate), que reúne as entidades representativas dos setores da cadeia produtiva da Erva-Mate no Brasil. Também participaram o Secretário da Agricultura de Água Santa, o Secretário da Agricultura de Ilópolis, a presidenta da Câmara de Vereadores de Ilópolis, o presidente da Associação AA Erva-mate e o presidente do Ibramate. A atividade integrou as ações do projeto de cooperação com a Misereor.


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Jantar “Belas e Poderosas” homenageia mulheres de Água Santa

O CETAP, em conjunto com a Secretaria de Agricultura do município, o Sintraf, a Emater e a Coapi promoveram o jantar intitulado “Belas e poderosas”, dia 11 de março, no Restaurante Mais Sabor, em Água Santa/RS. A atividade relembrou lutas e conquistas das mulheres no município de Água Santa.      

Além de comemorar o mês de luta das mulheres, retomando as atividades presenciais com este público no município, o jantar proporcionou um encontro onde as mulheres puderam refletir sobre o seu espaço na sociedade. Participaram 85 pessoas, entre agricultoras e representantes do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP), Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf), Cooperativa Aguassantense de Apicultores (Coapi), Secretaria de Agricultura de Água Santa e EMATER. O público foi prioritariamente de agricultoras familiares acompanhadas pelo CETAP e ligadas ao Sintraf.

No início de noite aconteceu um diálogo com a Advogada Léia Foscarini sobre os direitos das mulheres, momento onde foi colocado o histórico de conquistas de leis que amparam as mulheres e feita uma reflexão sobre o momento atual. Em seguida, foi servido rodízio de pizzas para as convidadas e realizado um momento de confraternização. Ficou encaminhado que serão realizados outros encontros ao longo deste ano para fortalecer os grupos de mulheres nas comunidades e aprofundar o estudo sobre seus direitos.


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