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Curso de Homeopatia na Agricultura e Ambiente está com inscrições abertas

Neste ano acontece a terceira edição do Curso de Homeopatia voltado para o ambiente e a produção agrícola, vegetal e animal, especialmente em propriedades da agricultura familiar. As aulas acontecerão presencialmente na Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Campus de Erechim, a cada três semanas, durante os meses de abril a novembro de 2023, totalizando 12 encontros.

Diferente das outras duas edições, que aconteceram no formato virtual, em função da pandemia, desta vez os encontros acontecerão no formato presencial, reunindo os participantes na UFFS, em Erechim/RS. A primeira aula será no dia 27 de abril, uma quinta-feira. O dia da semana das demais aulas será definido no início do curso, podendo ser às terças, quartas ou quintas-feiras. O cronograma será disponibilizado durante o primeiro encontro.

Entenda um pouco mais sobre a proposta do curso no vídeo de divulgação:

O curso não terá custo de matrícula e será fornecido certificado de extensão aos alunos que concluírem as atividades propostas. O número de vagas é limitado e as inscrições podem ser feitas diretamente com as entidades organizadoras do curso:

  • UFFS – Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Erechim/RS (com Prof. Tarita)
  • CAPA – Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (com Vitor)
  • CETAP – Centro de Tecnologias Alternativas Populares (com Albenir)
  • Cresol (com Silvano)
  • MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens (com Graziele)
  • Sutraf Alto Uruguai (com Bagnara).

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Curso de viveirismo artesanal aborda técnicas de produção de mudas

No dia 29 de março aconteceu na sede do CETAP, em Passo Fundo/RS, um curso sobre viveirismo artesanal, reunindo 30 pessoas, entre agricultoras, agricultores, viveiristas e equipe técnica do CETAP. A atividade é vinculada a ação de identificação de matrizes de árvores nativas do Rio Grando do Sul, para produção de mudas e incentivo ao cultivo de espécies da biodiversidade regional.

Cursos sobre técnicas de produção de mudas em viveiros artesanais é uma atividade proposta no projeto desenvolvido pelo CETAP desde 2022 e que conta com o apoio da NEO Energia. O objetivo é possibilitar que mais famílias desenvolvam autonomia para produzir suas próprias mudas, com seus recursos locais, no intuito de fomentar a biodiversidade, incentivando o plantio e cultivo das árvores nativas do estado. 

O conteúdo do curso foi desenvolvido através do diálogo, trocando diferentes experiências dos participantes e esclarecendo dúvidas. A atividade, realizada durante todo o dia, contou com a participação dos viveiristas Jadir Zwirtes e Otávio Zwirtes, de Vacaria/RS, que compartilharam princípios sobre o tema. Trabalhou-se as diferentes etapas da produção de mudas, especialmente de árvores frutíferas. Também foi examinado com profundidade os componentes para um bom substrato.

Na oportunidade, foi analisado qual o melhor espaço e técnica para construção de um viveiro na sede do CETAP, com intuito de ser uma central de mudas. A equipe técnica da entidade ficou à disposição das agricultoras e agricultores interessados em construir seus viveiros artesanais, sendo responsável também pela circulação das sementes neste primeiro momento. Ao longo do ano serão realizadas atividades de capacitação sobre o tema em outros municípios da região.


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Biodiversidade: geração de renda e estratégias para alicerçar o desenvolvimento regional

A biodiversidade presente nos ecossistemas brasileiros tem um enorme potencial, que foi negligenciado, em sua grande maioria, ao longo da nossa história. Mesmo assim, algumas destas espécies demonstraram seu potencial de uso e de geração de renda. No Rio Grande do Sul, são inúmeros os produtos florestais não-madeireiros que dinamizam processos socioeconômicos e que alicerçam o desenvolvimento econômico de diversas regiões do estado.

Butiá, Pinhão e Erva-mate, o trio de espécies ou produtos que, do ponto de vista quantitativo, compõem e estruturam cadeias produtivas muitas vezes pautadas na informalidade, mas que inserem milhares de agricultores e extrativistas durante um considerável período do ano e que, orientados pelos princípios da agroecologia, apontam caminhos para a produção de alimentos em sintonia com a preservação ambiental. Um exemplo é a Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas, que tem fortalecido experiências de intercooperação entre diferentes atores e atrizes envolvidos nas dinâmicas de produção, beneficiamento e comercialização.

Neste vídeo emergem olhares de instituições de pesquisa, órgãos ambientais, agricultores familiares e organizações da sociedade civil que apontam elementos estruturantes para o avanço da construção de novas economias das cadeias produtivas da sociobiodiversidade.


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Realização:
Centro de Tecnologias Alternativas Populares – CETAP
cetap.org.br
Imagens e roteiro: Tiago Zilles Fedrizzi
Locução: Andressa Ramos Teixeira
Apoio: Equipe Técnica do CETAP – Alvir Longhi e Thais Hopp
Imagens aéreas gentilmente cedidas pelo Coletivo Catarse, originalmente produzidas para o filme “Cooperações Agrobiodiversas em Prática”
Trilha sonora gentilmente cedidas pelo Coletivo Catarse:
– Ilex 2, 3 e 4 – Marcelo Cougo e Rafael Silva
– Carijoso – Gaita Livre

Projeto “Ampliação das estratégias e ações de conservação e uso da água e da sociobiodiversidade em propriedades de famílias agricultoras das regiões norte e nordeste do Rio Grande do Sul”.
Realização: Cetap
Apoio: SEMA/RS e RGE
Ano 2023


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Técnicas de restauração e proteção de nascentes associadas a valorização da biodiversidade nativa

A água é um bem comum essencial para o bem viver das espécies e para a sustentabilidade e prosperidade dentro da agricultura de base ecológica, sendo indispensável para produção de alimentos.

Sua preservação tem ênfase nas ações realizadas pelo Cetap e, neste vídeo, explicamos algumas técnicas de restauração ambiental no entorno de nascentes, onde, em alguns casos, são associadas a intervenções físicas para melhoria da qualidade da água.

As técnicas citadas são: restauração por regeneração natural; plantio de mudas de espécies nativas arbóreas; roçada seletiva, SAF e construção de barreiras físicas, majoritariamente consideradas tecnologias sociais acessíveis, por serem realizadas com recursos de fácil acesso.

Os planos de manejo objetivam valorizar a sociobiodiversidade nativa possibilitando, em muitas realidades, a ampliação de renda das famílias.

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Realização: Centro de Tecnologias Alternativas Populares – CETAP

Imagens: Marcelo Araujo
Apoio: Equipe Técnica do CETAP – Êmily Barbosa Rodrigues e Mário Gusson
Projeto “Ampliação das estratégias e ações de conservação e uso da água e da sociobiodiversidade em propriedades de famílias agricultoras das regiões norte e nordeste do Rio Grande do Sul”.
Realização: Cetap
Apoio: SEMA/RS e RGE

Ano 2023


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Recuperar as nascentes de água e proteger a biodiversidade nativa

A restauração de nascentes contribui para a segurança hídrica não só das famílias agricultoras, mas para a conservação da biodiversidade local, que beneficia toda a população, a fauna e a flora nativa de uma região.

A água é essencial para o bem viver das espécies e para a sustentabilidade dentro da agricultura de base ecológica e é indispensável para produção de alimentos. A partir desta importante demanda o CETAP elaborou um projeto para trabalhar a restauração de nascentes nas regiões norte e nordeste do RS, onde foram mapeadas 200 nascentes em propriedades de agricultura familiar.

Esta ação já teve efeitos importantes na vida de muitas pessoas, especialmente de quem se envolveu diretamente na execução do projeto. Conheça um pouco mais sobre este projeto e como ele vem despertando novas ideias de conservação ambiental e geração de renda para as famílias.

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Realização: Centro de Tecnologias Alternativas Populares – CETAP

Imagens: Marcelo Araujo
Apoio: Equipe Técnica do CETAP – Êmily Barbosa Rodrigues e Mário Gusson
Projeto “Ampliação das estratégias e ações de conservação e uso da água e da sociobiodiversidade em propriedades de famílias agricultoras das regiões norte e nordeste do Rio Grande do Sul”.
Realização: Cetap
Apoio: SEMA/RS e RGE

Ano 2023


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1º Seminário Regional de Homeopatia na Agricultura e Ambiente

Aconteceu no dia 23 de março, em Erechim/RS, o 1º Seminário Regional de Homeopatia na Agricultura e Ambiente. O evento reuniu 115 participantes, entre agricultoras e agricultores familiares, técnicos agrícolas, representantes de organizações ligadas à produção de alimentos na região, movimentos sociais, professores e acadêmicos da Universidade Federal da Fronteira Sul.

A abertura contou com representantes das organizações promotoras do evento: o Centro de Apoio e Proteção da Agroecologia (CAPA), a Cresol, a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP) e a SUTRAF Alto Uruguai. Foi destacada a importância de avançar em iniciativas como esta, que buscam ampliar o acesso aos conhecimentos da homeopatia popular, trocando experiências de usos e contribuindo para a produção de alimentos saudáveis, especialmente na produção agroecológica.

Na sequencia aconteceu a palestra Homeopatia Integrativa, ministrada por Pedro Boff, da Epagri de Lages/SC. “Homeopatia é uma ciência e também arte de cura, de forma rápida, suave e duradoura, o que a torna um importante recurso terapêutico onde o foco não é a ‘eliminação’ da doença, mas o restabelecimento da saúde”. Boff também fez um apanhado histórico sobre a evolução da homeopatia, partindo dos estudos de Hahnemann (1796) e abordando os estímulos que provocam a reação do organismo enfermo.

A homeopatia é uma especialidade reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina desde 1980 e também uma das práticas integrativas e complementares no SUS desde 2006, mas há uma luta de paradigmas e um conflito de interesses que interfere na sua adoção de forma mais ampla. Um dos aspectos importantes da homeopatia deve ser a disseminação de conhecimentos, para que cada vez mais pessoas tenham acesso não só à rica bibliografia sobre o tema, mas a cursos e encontros como este, entendendo seus princípios e trocando experiências sobre seus usos.

O seminário contou ainda com apresentações de 11 estudos de caso de alunas e alunos dos cursos de homeopatia, realizados na UFFS em 2020 e 2021. São estudos sobre o uso de homeopatia em plantas, animais e ambiente. Foi um importante momento de partilha e reafirmação do potencial da homeopatia tanto no aspecto da conservação ambiental, como para a produção de alimentos saudáveis.

Uma nova turma do curso de Homeopatia na Agricultura e Ambiente vai iniciar as atividades no final do mês de abril. Segundo a professora Tarita Cira Deboni, coordenadora da capacitação, as aulas serão presencias, na UFFS – Campus Erechim/RS, uma vez ao mês, com alguns encontros on-line. O curso terminará em novembro, quando os participantes deverão apresentar estudos de caso sobre o tema. As inscrições estão abertas e devem ser feitas nas organizações promotoras do curso: UFFS, CAPA, CETAP, MAB, Cresol e SUTRAF-Alto Uruguai.


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Consumidores em insegurança alimentar agravada pela Covid 19 recebem alimentos agroecológicos no Sul do Brasil

Considerada uma das mais letais pandemias já enfrentadas pela humanidade, a Covid 19 foi responsável por ceifar a vida de aproximadamente 7 milhões de pessoas em todo o planeta, sendo 700 mil somente no Brasil. Como agravante da expressiva mortalidade causada pela doença, a pandemia teve ainda por consequência uma recessão econômica global de enormes proporções, gerando muitos contingentes populacionais ameaçados pela insegurança alimentar. Em virtude da histórica desigualdade social brasileira, a crise potencializada no país levou a taxas recordes de desemprego, explosão da inflação e queda abrupta da renda, principalmente nas classes menos favorecidas.

A mazela social da fome foi combatida não somente com ações emergenciais implementadas pelas esferas públicas, mas também por inúmeras iniciativas da sociedade civil capilarizadas por todo o território nacional. Na região Sul, as organizações AS-PTA, Cepagro, Cetap e Centro Vianei, integrantes do projeto Consumidores e Agricultores em Rede, apoiado pela Misereor, direcionaram desde o início da pandemia recursos e atividades que contribuíram para mitigar os seus efeitos devastadores. Focadas em abastecimento solidário, as ações destacaram-se por possibilitar o acesso de populações vulneráveis a alimentos de qualidade, fomentando ao mesmo tempo o escoamento da produção de agricultores familiares, também bastante impactados pela pandemia.

Essas práticas tiveram por princípio não atender apenas a uma demanda pontual de maneira assistencialista, mas fomentar a autonomia dos processos e públicos envolvidos, gerando fluxos contínuos de ações de segurança alimentar e nutricional. Foram realizados cursos e formações em educação popular abordando questões de abastecimento em suas variadas dimensões, além de ações de incidência para consolidar políticas públicas que permeiam a questão, como a pressão popular para o Estado financiar as cozinhas comunitárias e outras iniciativas que se multiplicaram no período pandêmico para atender às populações periféricas.

Horta urbana na Cooperativa Recibela (Passo Fundo/RS) para complementar refeições preparadas na cozinha

Cada organização, por sua vez, foi responsável por mobilizar diversos atores em seus territórios com o objetivo de fortalecer as ações e ampliar os vínculos entre as cadeias de abastecimento solidário. Na região do Planalto Serrano Catarinense, o Centro Vianei de Educação Popular contou com a parceria de 12 entidades ligadas às Pastorais Sociais e à Caritas Diocesana de Lages. Com sua experiência na operacionalização de programas públicos de abastecimento e relações de trabalho cotidianas com a Cooperativa Ecoserra, a entidade realizou as ações de abastecimento e distribuição de alimentos entre os meses de outubro e dezembro de 2021 e no mês de março de 2022.

As doações foram encaminhadas através de duas destinações distintas. Na primeira, um total de 1.182 cestas, cada uma contendo uma média de 12 quilos de alimentos da agricultura familiar agroecológica, foram entregues para famílias em situação de vulnerabilidade nos municípios de Lages, Curitibanos e Cerro Negro. A partir de uma triagem organizada pela coordenação das Pastorais Sociais e pela presidência da Caritas Diocesana de Lages e região, em conjunto com o Centro Vianei, os alimentos foram recebidos principalmente por núcleos familiares chefiados por mulheres com perfil no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). Além de serem mulheres na maioria mantenedoras de seus lares, grande parte delas enfrentam situações como serem mães solo, terem os maridos encarcerados ou acometidos por dependência química. Articuladas com a ação, foram realizadas 4 oficinas formativas de aproveitamento de alimentos, acessadas por mulheres beneficiárias da iniciativa.  

Na segunda forma de destinação, a Pastoral da População de Rua de Lages foi beneficiada com alimentos para preparo de refeições para população em situação de rua. As refeições são confeccionadas na cozinha da Caritas Diocesana de Lages, em conjunto com o Coletivo Rede Rua, que vem preparando e distribuindo refeições aos domingos e feriados, quando a Prefeitura Municipal de Lages não disponibiliza alimentação à população de rua através de seus equipamentos públicos. Somadas as duas fases de abastecimento, um total de 15,9 toneladas de alimentos 100% agroecológicos foram doadas por estas iniciativas de abastecimento solidário, compostos por alface, arroz, banana, batata-doce, batata-inglesa, beterraba, brócolis, cenoura, couve, feijão, repolho, laranja, maçã e tempero verde. “Essas ações permitiram não somente aliviar a fome, a fragilidade e a vulnerabilidade das pessoas atendidas, como também contribuiu com o fortalecimento da nossa rede de solidariedade. Seguimos produzindo 100 marmitas nos domingos e feriados, dias em que a prefeitura não fornece alimentação para a população de rua”, avalia Domingos Pereira Rodrigues, presidente da Cáritas Diocesana de Lages.

No território do Litoral Catarinense, as ações de mitigação da Covid 19 realizadas pelo Cepagro (Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo) contam com alimentos agroecológicos de origem rural e urbana. Com foco em complementar o abastecimento de 6 cozinhas comunitárias que surgiram ou se fortaleceram durante a pandemia, a iniciativa em curso desde 2020 realizou compras junto a famílias agricultoras da Rede Ecovida, do assentamento da reforma agrária Comuna Amarildo de Souza, de cooperativas do MST e da Agricultura Familiar e de comunidades indígenas em territórios reconhecidos da Grande Florianópolis.

Com o objetivo de fortalecer as Redes de Segurança Alimentar e Nutricional, as ações foram planejadas em uma seqüencia logística passando pelo mapeamento da oferta e demanda por alimentos, planejamento de produção com as famílias agricultoras, contato com cooperativas de agricultores, entrega dos alimentos às cozinhas comunitárias, preparo e distribuição das refeições. Além de assentados e assentadas da reforma agrária, foram priorizadas as compras de mulheres e de jovens agricultores, promovendo a produção local de alimentos limpos e os circuitos curtos de comercialização. 

O protagonismo de comunidades indígenas guaranis, que historicamente ocupam territórios no litoral catarinense, foi um dos diferenciais neste arranjo de abastecimento solidário. Na condição de beneficiários, foram recebidos alimentos por aldeias dos municípios de Biguaçu e Major Gercino, além de usuários da Casa de Passagem Indígena e da Moradia Estudantil Indígena na capital catarinense. Os indígenas, porém, também atuaram como produtores na cadeia solidária. Foi o caso da comunidade guarani Tekoá Vy’á, responsável por produzir e fornecer cerca de 200 kg de batata doce, 150 kg de banana e 260 kg de feijão agroecológicos para as cozinhas comunitárias. Assessorados pelo Cepagro desde o planejamento da produção, os moradores da comunidade Tekoá frutificaram em seu solo mudas e sementes conservadas pela agricultura familiar e movimentos sociais, gerando segurança alimentar para eles próprios além de excedentes para comercialização, algo inédito naquele território.

O abastecimento solidário no Litoral Catarinense forneceu alimentos para a complementação das refeições na Cozinha Solidária Rio Vermelho, Cozinha Solidária Ribeirão da Ilha, Cozinha Dona Hilda (Vila Aparecida), Cozinha Mãe (Bairro Monte Cristo), Cozinha do Templo Hare Krishna e Cozinha do Migrante (Bairro Capoeiras), espalhadas pelas regiões insular e continental de Florianópolis. Ao todo foram 22 variedades de alimentos, entre folhosas, temperos, grãos, frutas, raízes, hortaliças, bulbos, tubérculos, farinhas, ovos e leite. Estendendo-se pelo ano de 2022 e atualmente ainda em vigência, a iniciativa estima atingir 40 toneladas de alimentos agroecológicos distribuídos.

Em composição com a ação de abastecimento, foram realizadas formações cidadãs em Segurança Alimentar e Nutricional com as cozinhas comunitárias, propiciando debates sobre estes espaços como garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável, além de fortalecer a incidência junto ao poder público para acesso a recursos e estrutura. “Diante do abandono pela gestão pública, essas ações conseguiram chegar diretamente em quem precisa. Com o fortalecimento desses espaços fortalecemos nossa base, porque temos relação direta com os moradores e suas famílias”, explica Cíntia Cruz, coordenadora da Cozinha Mãe (Bairro Monte Cristo).

A manutenção das cozinhas também provocou impacto na demanda por políticas públicas, conforme destaca Eduardo Rocha, coordenador do Cepagro e membro do Conselho Municipal e do Fórum Catarinense de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FCSSAN): “o movimento das cozinhas comunitárias permitiu mostrar que apenas um Restaurante Popular centralizado não é suficiente. Agora nossa luta é buscar a formalização desses espaços, discutir a importância do financiamento público para ações da sociedade civil e tê-los como parte integrante dos equipamentos públicos de Segurança Alimentar e Nutricional.” Com aproximadamente 100 mil pessoas em situação de baixa renda, a capital catarinense teve seu primeiro Restaurante Popular inaugurado apenas em julho de 2022, após uma década de pressão pelo Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (COMSEAS) e movimentos sociais.

Cooperativa de Reciclagem Recibela – Passo Fundo/RS

Na região Planalto Médio do Rio Grande do Sul, o abastecimento solidário realizado pelo Cetap (Centro de Tecnologias Alternativas Populares) apresenta o diferencial de contribuir com a cadeia de reciclagem de resíduos sólidos em Passo Fundo, município mais populoso do norte do estado, com aproximadamente 206 mil habitantes. Atendendo a uma demanda da Cooperativa de Trabalho dos Recicladores do Parque Bela Vista – Recibela, o Cetap executa compras de alimentos junto a associações e cooperativas de agricultura familiar, ou diretamente com famílias agricultoras, para compor o cardápio de 2 refeições diárias preparadas na própria cooperativa e servidas aos 80 trabalhadores da reciclagem que atualmente compõem seus quadros.

Criada em 2014, a cozinha comunitária da Recibela inicialmente teve pouco fôlego para manter-se em funcionamento, fechando logo em seguida devido à falta de recursos para compra de alimentos. Em 2020, uma nova tentativa de abertura foi executada, porém também frustrada com a chegada da pandemia. Uma campanha de doação de alimentos organizada por escolas de Passo Fundo reacendeu as chamas do projeto em meados de 2021. Somando-se aos esforços para garantir a continuidade da cozinha, desde então o Cetap intercedeu junto à iniciativa com sua estratégia de abastecimento solidário, que mantém-se ativa ao longo deste ano de 2023.

Catarina da Rosa é presidente da Cooperativa de Reciclagem Recibela (Passo Fundo/RS)

Catarina da Rosa, trabalhadora da reciclagem e presidente da Cooperativa Recibela, explica a importância deste equipamento de segurança alimentar no bem estar dos trabalhadores e fortalecimento dos serviços ambientais que prestam ao município: “antes da pandemia, tínhamos uma média de 30 pessoas no trabalho. A questão da alimentação sempre foi um problema, alguns comiam comida gelada ou corriam o risco de azedar a marmita, outros nem tinham condições de trazer alimentos. Com a manutenção da cozinha comunitária, conseguimos reunir 80 trabalhadores, fornecendo a eles café da manhã e almoço. Eles trabalham felizes, mais fortes e até conseguiram aumentar a renda”, explica ela. “Cerca de 230 pessoas dependem desta renda gerada aqui. Agora precisamos melhorar a infraestrutura da cozinha, para atrair mais trabalhadores. Queremos chegar a 100 pessoas na triagem dos resíduos sólidos”, complementa Catarina.

Refeições servidas aos trabalhadores e trabalhadoras no refeitório da Cooperativa Recibela – Passo Fundo/RS

A ação resultou ainda no engajamento dos associados da Recibela para organizar uma horta comunitária no entorno do pavilhão de reciclagem. Os trabalhos de planejamento, preparação do solo, montagem dos canteiros e início da produção foram facilitados pelos técnicos do Cetap, em um processo educativo envolvendo os recicladores e as cozinheiras que preparam as refeições diariamente. No primeiro momento, os espaços foram preparados para o plantio de hortaliças, tubérculos e grãos, utilizados para enriquecer o cardápio da cozinha comunitária. Simultaneamente, ocorreu a introdução de mudas frutíferas visando a composição de um sistema agroflorestal, além da construção de uma composteira que expande a reciclagem para os resíduos orgânicos e possibilita a geração de adubo para os cultivos.

Outra ação de abastecimento solidário executada pelo Cetap foi o aporte de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade. Entre 2020 e 2022, um total de 2.045 cestas foram distribuídas em parceria com as Cáritas Diocesanas de Vacaria e Passo Fundo, grupos de recicladores de Passo Fundo e de Erechim, grupos de famílias urbanas articuladas pelo MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) de Erechim e Centros de Referência de Assistência Social dos Municípios de Aratiba, Três Arroios, Itatiba do Sul, Barrão de Cotegipe, Vacaria e Sananduva. Cada cesta continha arroz, feijão, cebola, batata doce, aipim, legumes, moranga, farinha de trigo integral e frutas da época. Para composição destes itens, todos de origem agroecológica, foram movimentadas 42.9 toneladas de alimentos produzidos por mais de 300 famílias agricultoras ecologistas.

Cestas de alimentos orgânicos distribuídos pelo CETAP na ação de enfrentamento da fome no período intenso da Pandemia da Covid-19

Nas regiões centro-sul e sul do Paraná, as iniciativas de abastecimento solidário foram conduzidas pela AS-PTA Agricultura e Agroecologia. Na dinâmica das compras para doação às cozinhas comunitárias, houve um estreitamento de laços entre cooperativas da agricultura familiar do território, dinamizando parcerias e circuitos curtos de comercialização. O atendimento emergencial aos efeitos da Covid 19 resultou em um programa contínuo assumido pela entidade, que articulou recursos de outros parceiros institucionais, como a Fundação Banco do Brasil, para dar suporte às ações.

No município de Palmeira, a ação articulada junto ao grupo Renascer da Igreja Menonita possibilitou o atendimento à crianças em situação de vulnerabilidade. Com alimentos adquiridos da Cafpal (Cooperativa de Agricultura Familiar de Palmeira), a doação semanal resulta em 200 marmitas produzidas e distribuídas pela cozinha comunitária tocada pelo coletivo. Uma ação semelhante ocorre no município de São Mateus do Sul, onde a parceria com a Cáritas municipal e as compras de alimentos da Cofaeco (Cooperativa de Famílias de Agricultores Ecológicos) resultam no preparo e entrega de 40 marmitas semanais.

Uma frente de distribuição de cestas agroecológicas esteve presente em 5 municípios da região. Nesta rota solidária, 800 famílias das áreas rurais e urbanas de Palmeira, Rebouças, São Mateus do Sul, São João do Triunfo e Rio Azul foram beneficiadas com as cestas. As famílias foram triadas a partir do diálogo com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), vinculado ao Sistema Unificado de Assistência Social (SUAS). A estratégia de fornecimento, com grande diversidade de alimentos, foi organizada pelo Coletivo Triunfo, que mobilizou cerca de 100 famílias agricultoras para o abastecimento no território. Somados todos os apoios recebidos pela AS-PTA, a organização foi responsável por distribuir 5708 cestas e 97 toneladas de alimentos. Além da Cafpal e da Cofaeco, a iniciativa contou com a parceria da Coaftril (Cooperativa Mista Triunfense de Agricultoras e Agricultores Familiares), Comdaf (Cooperativa Mista de Diversificação da Agricultura Familiar de Rio Azul e Comdafar (Cooperativa Mista de Desenvolvimento da Agricultura Familiar de Rebouças), que compõem o Coletivo Triunfo.

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* Por Fernando Angeoletto
Jornalista do projeto Consumidores e Agricultores em Rede/Misereor


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Seminário sobre agroecologia debate o manejo de solo em São Valentim

No dia 16 de março aconteceu o Seminário com o tema “Agroecologia, manejo de solo e insumos biológicos”, na Comunidade São João, em São Valentin/RS. Participaram 45 agricultores familiares e representantes de entidades parceiras da produção agroecológica na região. O seminário foi organizado pelo CETAP e pela COOPERTEC, com o apoio da CRESOL.

O objetivo foi oportunizar a formação para agricultores e agricultoras familiares nos temas relacionados a agroecologia, aprofundando a importância de mantermos um ambiente em equilíbrio. Com uma visão sistêmica, trabalhamos para garantir a qualidade nutricional do solo, na parte dos minerais, da matéria orgânica, da água e do ar. Isso em equilíbrio possibilitará um resultado econômico satisfatório para as famílias e um ganho ambiental importante para toda a sociedade.

Segundo Ana Primavesi: “um solo sadio, gera uma planta sadia e esta não será atacada por pragas, pois na natureza, ‘praga’ é um grande indicador de que naquele solo falta algo e, portanto, a planta não está bem nutrida”. Uma planta sadia produz um alimento com maior qualidade e, por consequência, pessoas sadias.

No seminário foi destacado que o solo responde de maneira diferenciada às formas de manejo adotadas pelo ser humano, correspondendo com alta ou baixa produção. Por isso, o uso de forma racional e sustentável, depende do conhecimento dos efeitos dos diferentes sistemas de manejo utilizados sobre aspectos determinantes da qualidade do solo e a redução na degradação das partes físicas, químicas e biológicas.

São nos detalhes que muitas vezes a gente compromete todo um sistema de produção. A agroecologia requer o equilíbrio entre todos os seres. Em muitos casos, a permanência da família na agroecologia requer frequência de participação em atividade de formação e qualificação, além do acompanhamento técnico.


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Oficinas sobre compostagem e plantio marcam retomada das atividades com estudantes neste ano letivo

Para retomar, neste ano letivo, as atividades práticas com alunos da educação infantil nas hortas escolares, foram realizadas oficinas com os estudantes dos turnos da manhã e da tarde, no dia 15 de março, na Escola Municipal de Educação Infantil Padre Alcides, em Passo Fundo/RS. O projeto busca contribuir para a educação ambiental e fortalecer a compreensão da produção de alimentos e do consumo consciente e responsável, sendo desenvolvido em instituições públicas de ensino.

A primeira oficina foi uma atividade de apresentação para os novos alunos do sistema de compostagem instalado na escola, sendo realizado na sequência a manutenção da composteira. As crianças puderam observar os processos de decomposição e seus microorganismos.

Outra oficina trabalhou com o plantio nos espaços de horta suspensa e nos canteiros, que haviam sido previamente preparados. Os estudantes participaram do plantio de hortaliças, ervas medicinais e flores. Durante a atividade foram abordados os aspectos da alimentação saudável e também a polinização realizada pelas abelhas nativas sem ferrão, que fazem parte do meliponário instalado na escola.

A atividade foi conduzida pela equipe técnica do CETAP, juntamente com a direção e as professoras da escola, que utilizam a horta e o meliponário como instrumentos pedagógicos nos projetos interdisciplinares desenvolvidos durante o ano. Além da EMEI Pe. Alcides, outras escolas de Passo Fundo e Erechim vão desenvolver atividades com este mesmo objetivo. Estas ações integram o projeto “Consumidores e Agricultores em Rede”, desenvolvido pelo CETAP, Cepagro, AS-PTA e Centro Vianei, em parceria com a Misereor.


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Seminário Estadual sobre Sistemas Agrícolas Tradicionais dos Potreiros

O Seminário realizado no dia 2 de março de 2023, em Vacaria/RS, reuniu 83 pessoas, entre agricultores, técnicos de entidades de assessoramento em agroecologia, representantes do poder público e de organizações de famílias agricultoras, além de professores universitários e acadêmicos. A conservação ambiental pelo uso, garantindo renda para as famílias e produzindo alimentos saudáveis, especialmente através do manejo dos sistemas agrícolas tradicionais dos potreiros foi o tema debatido.

A mesa de abertura do seminário contou com representantes do CETAP, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura do RS (SEMA/RS), da Embrapa Clima Temperado, da Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas do RS, Gabinete da Deputada Federal Maria do Rosário, Secretaria de Meio Ambiente e Turismo de Muito Capões/RS e Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Assalariados de Vacaria/RS. Foi destacado que os potreiros são espaços altamente produtivos e também são constitutivos de uma paisagem importante para nossa região. É importante divulgar suas potencialidades e seus usos para que aumente o interesse em manter estes espaços biodiversos. Os participantes também ressaltaram o ineditismo deste encontro, que deu protagonismo ao tema dos potreiros, relacionando-o com diferentes aspectos da conservação ambiental e da produção agrícola.

Na sequência aconteceu um debate com a participação de convidados que ajudaram a aprofundar o tema. Neste momento foi aberto para comentários e questionamentos, ampliando os pontos de vista e abordagens sobre os potreiros como um sistema de produção de alta relevância. O debate apontou que, além do suprimento de elementos de uso do dia-a-dia na propriedade rural, os potreiros têm um espaço de representação lúdica, especialmente para quem tem origem no meio rural. A paisagem é elemento importante para construir nossa identidade cultural.

Ao longo das últimas décadas, as paisagens da área rural foram sendo modificadas e transformadas em lavouras, principalmente de soja. Os campos foram dessecados por herbicidas e a monocultura passou a dominar muitos lugares. É importante reconhecer que os ambientes de potreiros, por ter seu uso cotidiano ao longo dos anos, acaba não sendo valorizado para conservação ambiental. É essencial dar visibilidade para o potencial ambiental e econômico dos potreiros, pois em muitos lugares existe um preconceito em relação a estes espaços, que por vezes são vistos como áreas onde não foi possível ou não houve interesse em implementar culturas agrícolas convencionais.

O espaço dos potreiros é naturalmente um espaço muito diverso, mas temos o desafio de identificar as potencialidades de geração de renda, além das funções de uso tradicionais, como madeira para palanques, postes, lenha, plantas medicinais, frutas, pinhão, erva-mate, mel, entre tantos outros. Precisamos pensar também nas pessoas que vão construir estes espaços: agricultores e estudantes que estão se preparando para atuar no planejamento e na assessoria da produção agrícola. A academia pode se aproximar dos agricultores e de outras organizações que atuam na assessoria e acompanhamento das propriedades rurais, numa relação de aprendizado mútuo.

Também foram apresentadas as experiências das oito unidades de referência em Sistemas Agrícolas Tradicionais dos Potreiros, num projeto executado pelo CETAP nas regiões norte e nordeste do Rio Grande do Sul, em parceria com a SEMA/RS e a RGE. Sistemas com maior resiliência às mudanças climáticas, como os potreiros e as agroflorestas, exigem menos intervenção de produtos e estruturas para manter a produção, sendo importantes para a agroecologia.

Aliar os aspectos da produção de alimentos saudáveis, da conservação ambiental e da geração de renda, com o protagonismo social dos atores envolvidos, é a base para o trabalho a ser desenvolvido para a valorização da sociobiodiversidade, especialmente fruto das agroflorestas e dos potreiros.

Identificar as espécies presentes em cada região é importante para poder avaliar o potencial de uso e geração de renda e avançar em novas possibilidades. Isso também ajuda a incentivar boas práticas de manejo dos potreiros, com técnicas adequadas para conservação e aumento da produtividade. Este trabalho pode possibilitar uma maior integração entre a academia, órgãos públicos, entidades de assessoria e extensão rural, associações, cooperativas e associações de famílias agricultoras.


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