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Intercâmbio sobre experiências urbanas de produção, comercialização e consumo de alimentos

Lideranças populares e estudantes participaram de um intercâmbio, realizado dias 16 e 17 de março de 2022, em Florianópolis/SC. O objetivo foi a troca de informações e conhecimentos sobre a produção de alimentos em espaços urbanos, a organização e o funcionamento de cozinhas comunitárias e o processo de comercialização através de Células de Consumo Responsável.

A atividade foi organizada pelas equipes técnicas do CETAP (Centro de Tecnologias Alternativas Populares) e do Cepagro (Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo), com a participação de 13 pessoas de Passo Fundo/RS, entre representantes de cooperativas de recicladores e da ocupação do Bairro Zachia, agricultora ecologista, além de aluno do curso de Nutrição da UPF (Universidade de Passo Fundo).      

Foi realizada uma visita ao espaço coordenado pela ASA (Ação Social Arquidiocesana), serviço da Arquidiocese de Florianópolis, filiada à Cáritas Brasileira, que tem uma cozinha comunitária que processa alimentos doados e onde voluntários produzem alimentos que são fornecidos em forma de marmitas para moradores de rua. Este local também abriga um atelier de costura, para realização de serviços de consertos em geral e dispõe de equipamentos para produção de panificados. Os pães produzidos são comercializados a preço de custo para a comunidade.

Outro local visitado foi um espaço na comunidade onde é realizada a compostagem a partir da coleta de resíduos orgânicos. Os insumos produzidos são utilizados na produção de hortaliças e ervas medicinais. Os organizadores reforçaram que é importante realizar atividades de formação, envolvendo principalmente mulheres e crianças, para avançar neste trabalho.

O grupo também realizou uma visita a um CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), onde foi apresentada a importância da horta comunitária como espaço de terapia, especialmente para despertar a necessidade do cuidado, através do cultivo de alimentos saudáveis. Ressaltaram que uma das propostas do espaço é fazer partilhas de receitas e resgate de memórias afetivas das comidas caseiras.

Em uma roda de conversa foi apresentada a proposta de comercialização de alimentos através de Células de Consumo Responsável, iniciativa acompanhada pelo Cepagro. Foi possível visitar o espaço de distribuição de cestas e conhecer um pouco mais sobre esta experiência, onde os consumidores pagam mensalmente pelos alimentos, de forma antecipada, e os agricultores entregam as cestas com itens da estação. Caso houver disponibilidade de outros produtos, os consumidores podem demandar itens adicionais. Foi destacado que esta proposta demanda muita organização e confiança entre agricultores e consumidores.

A atividade foi finalizada com uma conversa na sede do Cepagro, onde após uma visita pelo local, foi realizada uma apresentação dos trabalhos realizados pela instituição. Os participantes avaliaram o intercâmbio como muito positivo e enriquecedor, especialmente pelas experiências partilhadas. Ficou o desafio de implementar algumas ações em seus espaços de atuação, principalmente referente a reciclagem de resíduos, produção de alimentos e qualidade nutricional.


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Em São Francisco de Paula, iniciativa promove extrativismo sustentável de frutas nativas

Rosane da Silva Becker é agricultora e extrativista que vive no interior de São Francisco de Paula, nos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul. Rosane sabe bem da importância da ampliação qualificada das políticas públicas para quem, como ela, trabalha com extrativismo na região. “A agroecologia e o extrativismo representam uma boa parte da renda para o município e merecem ser valorizados”, afirma ela. Com a filha Jaqueline, de 18 anos, que está se formando como técnica agrícola, Rosane toca uma pequena propriedade na comunidade de Fazenda Velha. No local, elas estão fazendo a transição do sistema de produção convencional para a agroecologia, têm uma agrofloresta e trabalham com extrativismo de frutas nativas, como o guamirim, e com casca de araucária. Foi a partir de experiências como a delas, e também de outras múltiplas formas de viver a partir da prática extrativista, que surgiu a questão que permeou a incidência da iniciativa Agroecologia nos Municípios, da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), em São Francisco de Paula: “O que podemos melhorar no trabalho com o extrativismo?”.

Com mediação do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap), a proposta foi elaborar um diagnóstico da situação e identificar as principais necessidades de trabalhadoras e trabalhadores locais que lidam diretamente com o extrativismo, além de articular órgãos públicos, setores do turismo, da saúde, comércio e outros agentes. A partir desse levantamento, a construção de um Plano Municipal de Apoio e Promoção ao Extrativismo Sustentável (PMAPES) ganhou bases concretas e agora segue em discussão com mais potência. O pinhão, semente da Araucária, símbolo cultural da região e do município, tem sido o protagonista neste momento, mas a ideia é trabalhar com a diversidade de espécies nativas. De acordo com Tiago Zilles Fedrizzi, do Cetap, o objetivo central é o apoio e promoção do uso da sociobiodiversidade nativa como forma de conservação ambiental e geração de renda, ainda mais em um contexto de avanço da conversão de áreas de campo nativo e florestas para a agricultura convencional. “Portanto, uma estratégia de conservação pelo uso das espécies nativas e manutenção da paisagem agrícola e cultural no território”, explica ele. 


Oficina de hidrolatos e óleos essenciais a partir de plantas nativas / Foto: Cetap

As principais demandas identificadas 

Foram realizados inúmeros encontros e conversas envolvendo grupos de agricultoras e agricultores familiares, extrativistas, sujeitas e sujeitos sociais que têm sua vida ligada às práticas do extrativismo. Também  foram aplicados questionários e realizadas oficinas de formação e sensibilização para o uso das plantas nativas para além da alimentação, como na produção de óleos essenciais e hidrolatos. 

Entre as principais demandas identificadas no diagnóstico estão questões estruturais, de segurança e comercialização, capacitação e sucessão. Na infraestrutura: aquisição de máquinas e equipamentos que contribuam no manejo da debulha das pinhas, armazenamento em câmara fria para escoamento e melhor preço, central de recolhimento e distribuição coletiva e melhoria nas estradas de acesso ao interior; na segurança: equipamentos e capacitação para ascensão nos pinheiros, de modo a reduzir mortes e acidentes; na comercialização: acesso a mercados que valorizem o produto e menor dependência dos atravessadores; na capacitação: sensibilização das boas práticas/possibilidades de uso das espécies nativas; e, por fim, na sucessão: estímulo à reposição e regeneração das espécies nativas (incentivo econômico).  

“A partir do envolvimento e construção das ações de sensibilização, passamos a nos dar conta que, embora pouco visibilizada, a atividade do extrativismo do pinhão representa, do ponto de vista econômico, social e ambiental, um sistema de produção agrícola fundamental para a manutenção de centenas de famílias durante a safra, seja pela comercialização para intermediários, seja para consumo. Portanto, fundamentais para a segurança e soberania alimentar das famílias rurais ou urbanas”, destaca o relatório produzido pelo Cetap a partir da incidência em São Chico, como é popularmente conhecida a cidade.

O diagnóstico aponta também que boa parte das pessoas envolvidas na atividade não possui terra, dependendo, então, da coleta em áreas de terceiros ou áreas públicas, que são as que mais têm sido transformadas na direção da chamada agricultura convencional. “Assim, a experiência prévia passa a sugerir caminhos a serem construídos na incidência política, como a visibilidade da atividade do extrativismo e necessidade de valorizar trabalhadores e trabalhadoras que existem e resistem na atividade”, aponta o relatório do Cetap.


Encontro realizado em São Chico para levantar demandas para melhorar o trabalho no extrativismo / Foto: Cetap

Envolvimento do poder público em vários setores

Diversas Secretarias Municipais que, direta ou indiretamente, têm relação com a temática foram envolvidas. A Secretaria do Desenvolvimento Social, através do Centro de Referência em Assistência Social (Cras), por exemplo, teve participação importante na aplicação do questionário junto ao público assistido. A atual Secretária Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade, Michele Knob Koch, salienta que o trabalho realizado foi de extrema importância para São Francisco de Paula. “Foi um processo de envolvimento de muitas áreas que o município não teria condições de desenvolver sem a incidência que houve a partir do Cetap, que já conhece bem a nossa realidade, e da iniciativa Agroecologia nos Municípios. O que temos agora é um banco de dados mais concreto para buscar avançar nas políticas públicas”, afirma Michele Knob Koch, que também é presidenta do Conselho Municipal de Meio Ambiente. 

Selo “Estabelecimento Amigo das Frutas Nativas”

O setor de turismo também participou. Muitos espaços de hotelaria têm interesse em apostar nos pratos tradicionais à base de frutas e sementes nativas, como o pinhão. Tiago Zilles Fedrizzi, do Cetap, aponta que para São Francisco de Paula, que já possui forte impulso no turismo ecológico, dar mais luz às práticas agrícolas históricas calcadas na esfera do extrativismo sustentável é a possibilidade de mostrar que floresta em pé é floresta que traz, também, retorno econômico. 

Neste sentido, no mês de novembro de 2021, foi realizada em São Chico uma rodada de negócios dos produtos das frutas nativas do Rio Grande do Sul, com participação de vários agentes locais articulados pelo Cetap, como produtoras e produtores, empreendimentos do setor turístico, Prefeitura Municipal, Secretaria de Turismo e Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade. No evento, foi  apresentado o selo da marca Estabelecimento Amigo das Frutas Nativas. O selo faz parte da iniciativa da Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas, uma estratégia que já vem trazendo resultados em várias regiões do Rio Grande do Sul. 

Para além de São Chico

As ações no município passaram a ganhar visibilidade e, como se diz no Rio Grande do Sul, se “espraiaram” para um território mais amplo. Destaca-se uma articulação de abrangência regional: o Condesus (Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável dos Campos de Cima da Serra). No consórcio, a discussão avançou para a construção de um edital que estimule ações na mesma direção em todos os 12 municípios participantes. 

Fonte: Jornal Brasil de Fato

*Por Adriane Canan, comunicadora popular da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

**Acompanhe a coluna Agroecologia e Democracia. A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) é um espaço de diálogo e convergência entre movimentos, redes e organizações da sociedade civil brasileira engajadas em iniciativas de promoção da agroecologia, de fortalecimento da produção familiar e de construção de alternativas sustentáveis de sistemas alimentares. Leia outros artigos.


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AMAte – autocuidado, cultura e produção de alimento saudável

No dia 24 de março, no Parque do Ibama, em Ilópolis/RS, aconteceu o encontro AMAte, reunindo 22 agricultoras familiares e assessores técnicos em agroecologia. O título da atividade refere-se ao ato de amor relacionado ao autocuidado e também ao cuidado com o próximo, atrelado à produção de alimentos saudáveis por meio da agroecologia, que beneficia a todos, agricultores e consumidores. Além disso, a produção e o consumo da erva-mate estão totalmente inseridos em nossa cultura local, o que precisa ser sempre valorizado, assim como o trabalho das mulheres rurais.

Dessa forma surgiu o tema do evento, para valorizar e dar visibilidade ao trabalho da mulher na construção, fortalecimento e desenvolvimento da agroecologia. No encontro AMAte foi possível compartilhar conhecimentos, trocar experiências e receitas, com um olhar mais atento para a erva-mate e as frutas nativas, ambos produtos não-madeireiros da Mata Atlântica e de grande importância para a manutenção da biodiversidade e geração de emprego e renda na agricultura familiar.

O dia iniciou com a apresentação dos participantes através da dinâmica da teia, onde cada pessoa falou seu nome, atuação, local onde vive e descreveu em uma palavra o que a agroecologia significa para si e em outra palavra qual o maior desafio para fazer agroecologia hoje. Após este momento, foi feita uma trilha pelo parque, onde a geógrafa e também empreendedora da Inovamate, Ariana Maia, fez uma explanação sobre a história da erva-mate, desde a colonização até a atualidade. Durante este momento, houve diversos questionamentos por parte das agricultoras, o que fortaleceu o debate para a conscientização das participantes.

Na sequência, a equipe técnica do CETAP abordou a importância da valorização das frutas nativas para a manutenção da biodiversidade e geração de renda. O almoço foi preparado pelo empreendimento Encontro de Sabores, de Passo Fundo/RS, com pratos elaborados a partir do pinhão, nativo da Mata Atlântica e de grande importância na região. Na parte da tarde, o grupo visitou uma propriedade que produz erva-mate aliada à conservação ambiental, com outras arvores nativas consorciadas e produção de alimentos através de um Sistema Agroflorestal.

A avaliação foi muito positiva e ficou encaminhado que serão realizados outros encontros para maior aprofundamento dos temas. O CETAP também se colocou à disposição para auxiliar as famílias produtoras tanto no cultivo de erva-mate como de alimentos em sistema agroecológico e agroflorestal.

O intercâmbio foi organizado pelo CETAP, juntamente com a Inovamate, empresa focada em produtos naturais oriundos da erva-mate, com o apoio da Associação AA Erva-mate e do Ibramate (Instituto Brasileiro da Erva-Mate), que reúne as entidades representativas dos setores da cadeia produtiva da Erva-Mate no Brasil. Também participaram o Secretário da Agricultura de Água Santa, o Secretário da Agricultura de Ilópolis, a presidenta da Câmara de Vereadores de Ilópolis, o presidente da Associação AA Erva-mate e o presidente do Ibramate. A atividade integrou as ações do projeto de cooperação com a Misereor.


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Jantar “Belas e Poderosas” homenageia mulheres de Água Santa

O CETAP, em conjunto com a Secretaria de Agricultura do município, o Sintraf, a Emater e a Coapi promoveram o jantar intitulado “Belas e poderosas”, dia 11 de março, no Restaurante Mais Sabor, em Água Santa/RS. A atividade relembrou lutas e conquistas das mulheres no município de Água Santa.      

Além de comemorar o mês de luta das mulheres, retomando as atividades presenciais com este público no município, o jantar proporcionou um encontro onde as mulheres puderam refletir sobre o seu espaço na sociedade. Participaram 85 pessoas, entre agricultoras e representantes do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP), Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf), Cooperativa Aguassantense de Apicultores (Coapi), Secretaria de Agricultura de Água Santa e EMATER. O público foi prioritariamente de agricultoras familiares acompanhadas pelo CETAP e ligadas ao Sintraf.

No início de noite aconteceu um diálogo com a Advogada Léia Foscarini sobre os direitos das mulheres, momento onde foi colocado o histórico de conquistas de leis que amparam as mulheres e feita uma reflexão sobre o momento atual. Em seguida, foi servido rodízio de pizzas para as convidadas e realizado um momento de confraternização. Ficou encaminhado que serão realizados outros encontros ao longo deste ano para fortalecer os grupos de mulheres nas comunidades e aprofundar o estudo sobre seus direitos.


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Assembleia dos sócios do CETAP proporciona intercâmbio em agrofloresta

No dia 17 de março de 2022 aconteceu a Assembleia dos Sócios do CETAP. Neste ano a atividade foi realizada no município de Sananduva/RS, reunindo associados e representantes da equipe técnica, além da assessoria contábil. Durante a manhã, os presentes foram recepcionados no espaço do Restaurante e Pub Utopia, que integra o Grupo Pé na Terra, onde foram apresentadas as principais atividades desenvolvidas no último período e debatido sobre as perspectivas para este ano. Também foi realizada a prestação de contas e foram aprovados o balanço patrimonial e a previsão orçamentária para 2022.

Na parte da tarde foi organizado um intercâmbio para integração entre os associados. A propriedade visitada foi do Coordenador Geral do CETAP, Josué Gregio, onde foi implantado um sistema agroflorestal, com consorciamento de culturas agrícolas em diversidade. A agrofloresta está inclusive servindo de base para uma pesquisa de doutorado, conduzida por Josué, que detalhou como foi o projeto de implantação e as diferentes fases da produção de alimentos neste sistema. Nesta assembleia também foi realizada a eleição da coordenação geral, secretaria, tesouraria e conselho consultivo, onde foi reconduzida a diretoria para um novo mandato.


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O trabalho da Coper Planalto Sul na construção social dos mercados na região de Curitibanos/SC

Neste vídeo apresentamos um pouco da Cooperativa de agricultores familiares de Curitibanos e Região – A Coper Planalto Sul foi constituída no ano de 2012 através da união de dois grupos de agricultores de Curitibanos: o Grupo Agroecológico Cerro Alegre e o Grupo das Mulheres Camponesas Unidas pelo Trabalho. Ambos certificados pelo sistema participativo de certificação orgânica da Rede Ecovida.

A Coper Planalto Sul visa a promoção do protagonismo e independência das mulheres desde a produção até o pós-venda. Por esse motivo, atualmente a cooperativa possui em seu conselho administrativo duas mulheres que atuam no processamento das hortaliças, no administrativo e comercial.

Atualmente são 52 cooperados, 33 famílias dos municípios de Curitibanos, Frei Rogerio, Ponte Alta do Norte e São José do Cerrito. Do total dos sócios, 14 produzem hortaliças/olerícolas in natura e frutas no sistema orgânico certificados pela Rede ECOVIDA. A unidade de processamento de hortaliças minimamente processadas também possui certificação orgânica.

Atualmente as formas de comercialização executadas pela Cooperativa são: PANE Política Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), supermercados, lojas especializadas, feiras, mercado público e cestas. A venda de cestas diretamente ao consumidor é uma das modalidades de comercialização que se intensificou no período de pandemia. A venda que inicialmente era realizada via mensagem de texto hoje funciona na modalidade de loja virtual através da plataforma “Faz a Feira”, pelo site https://www.fazafeira.com/coperplanaltosul

🎬 A produção audiovisual foi coordenada pelo Centro Vianei de Educação Popular, contando com produção executiva de Natal Magnanti e Nayme Pigozzi e entrevistas de Nayme Pigozzi. Edição de Fernanda do Canto, membro do LACAF/UFSC e do Coletivo UC da Ilha. Câmera Luiz Fabiano (7 Films). Trilha sonora de @convivingwithme. Contamos com a parceria local de dezenas de pessoas e organizações que gentilmente se prontificaram a prestar o seu depoimento no vídeo. Vale frisar que essa ação contou e conta com o apoio decisivo da Cooperativa Coper Planalto Sul. 

Esse vídeo é parte do projeto Consumidores e Agricultores em Rede, onde participam Centro Vianei, CEPAGRO, CETAP e AS-PTA, com apoio da entidade da cooperação internacional alemã Misereor.


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1ª Etapa do Curso de Formação Técnica sobre Citricultura

No dia 24 de fevereiro de 2022 iniciou o Curso de Formação sobre Citricultura, em Aratiba/RS. Participaram 52 pessoas da região Alto Uruguai, entre agricultores familiares, assessoria técnica, representantes sindicais e cooperativas da agricultura familiar. Este processo de formação será realizado em quatro módulos, onde serão abordados assuntos voltados à produção de citros, desde a implantação do pomar, manejo, controle de doenças e pragas, insumos biológicos, colheita e transporte. 

Este primeiro módulo foi organizado em dois momentos. Durante a manhã aconteceu a apresentação teórica, onde foram abordadas as principais doenças que atingem os cultivares de citros, com dicas para identificar sintomas na planta e nos frutos, além de algumas técnicas de controle da mosca da fruta. Na sequência, foi abordado o manejo biológico e nutricional, destacando o equilíbrio nutricional, sendo este fator o maior responsável para o sucesso na produção e a incidência de doenças e ataque de insetos nos pomares.

Na parte da tarde aconteceu a visita a um pomar, onde foi possível identificar na prática os manejos que são realizados, através de podas, tratos culturais, adubação e técnicas de controle de mosca da fruta. Foi um momento de troca de conhecimento entre os participantes. Por fim, foi apresentado o calendário de recomendações de tratos culturais orgânico e adubação nos diferentes períodos do ano, material organizado pelo CETAP e distribuído aos participantes.

O próximo modulo do curso será realizado no mês de maio, onde serão abordados assuntos como colheita e transporte da produção. Esta atividade foi promovida pelo CETAP e pela ECOTERRA (Associação Regional de Cooperação e Agroecologia) e contou com o apoio da Fundação Interamericana, Cresol, Coopertec e Cecafes.


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Primeiras famílias do projeto Agroecologia na América Latina: construindo caminhos visualizam mapas e incluem novos dados no app

Um grupo de 15 famílias agricultoras das regiões Alto Uruguai e Planalto do Rio Grande do Sul, com certificado de conformidade orgânica através da Rede Ecovida de Agroecologia, está participando do Projeto Agroecologia na América Latina: construindo caminhos. Neste terceiro semestre do projeto, que compreende o período de outubro de 2021 a março de 2022, a equipe técnica do CETAP está visitando as famílias para apresentar mais detalhes do aplicativo LiteFarm e coletar informações sobre os cultivos e manejos.

O projeto é uma iniciativa piloto que busca coletar e sistematizar evidências científicas para o desenvolvimento de Indicadores da Agroecologia. Para isso está sendo utilizado um sistema web, que também pode ser acessado através de um aplicativo para celular. Este aplicativo, desenvolvido pela Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), no Canadá, está sendo formatado e adaptado com a contribuição de diferentes organizações, a partir deste trabalho de campo. O objetivo é mensurar e avaliar o que a Agroecologia representa em termos ambientais, econômicos e sociais. Esses resultados poderão subsidiar projetos e políticas públicas que incentivem a agricultura familiar de base agroecológica, promovendo sistemas agroalimentares mais sustentáveis.

Em visitas anteriores, a equipe do projeto ajudou as famílias a criarem suas contas no aplicativo e começou a coletar dados sobre as unidades de produção, inicialmente dando uma maior ênfase para a elaboração dos mapas de cada propriedade. Nas visitas que estão acontecendo agora, além de apresentar para as famílias os primeiros resultados destes mapas já disponíveis no aplicativo, está sendo realizada a coleta de informações sobre os cultivos e manejos. Depois que estes novos dados forem lançados no sistema será possível gerar vários indicadores de Agroecologia e vários relatórios que poderão auxiliar as famílias na gestão de suas propriedades.

Com o formato de uma pesquisa-ação, o projeto conta atualmente com a participação de mais de 100 famílias agricultoras espalhadas por cinco países latino-americanos: Brasil, Paraguai, México, Equador e El Salvador. É uma iniciativa desenvolvida através de cooperação internacional entre a Fundação Interamericana (IAF), a Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) – através da professora canadense Dr. Hannah Wittman, o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro – Brasil) e sete organizações que promovem a Agroecologia na América Latina. São elas: Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP – Rio Grande do Sul), Movimento Mecenas da Vida (Bahia), Centro Campesino e Rede Tijtoca Nemiliztli (México), Fundesyram (El Salvador), Movimiento de Economía Social y Solidaria del Ecuador (Messe – Equador), Asociación de Productores Orgánicos (APRO – Paraguay).


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Encontro regional debate ações para conservação e uso da água e da sociobiodiversidade

Agricultores familiares, técnicos agrícolas e representantes do poder público, especialmente das Secretarias de Agricultura e Meio Ambiente de diferentes municípios da região Alto Uruguai, estiveram reunidos em Itatiba do Sul/RS, no dia 16 de fevereiro 2022. O encontro regional foi para apresentar e discutir o projeto “Ampliação das estratégias e ações de conservação e uso da água e da sociobiodiversidade em propriedades de agricultores familiares da região norte e nordeste do RS”.

O projeto, desenvolvido pelo Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP), além de propor ações imediatas para recuperação e proteção de nascentes de água, tem o objetivo de discutir com a comunidade local estratégias de longo prazo, incluindo o uso da água e o potencial ambiental e econômico da valorização da biodiversidade nativa. Este encontro regional, que contou com o apoio local da Prefeitura de Itatiba do Sul, reuniu 85 pessoas da região Alto Uruguai.

A atividade iniciou com um painel sobre “Conservação e uso da água e suas alternativas a partir da revitalização de nascentes e valorização e uso da biodiversidade nativa da região, como meio de geração de renda e conservação dos ambientes naturais”, que foi apresentado pela equipe técnica do CETAP. Após este momento, foi servido um almoço elaborado com produtos da biodiversidade local, como forma de valorização e divulgação de possibilidades de uso culinário de produtos nativos da nossa região.

Pela parte da tarde foi apresentado o projeto, suas metas e previsão de execução. Após essa apresentação, o público foi dividido em quatro grupos para discussão e levantamento de propostas de implementação das ações. Na sequência, aconteceram os relatos dos grupos e foi realizado um debate em conjunto das proposições. Foram levantadas várias ideias de como fazer a proteção e recuperação das nascentes e o encaminhamento agora é dar continuidade às atividades previstas no projeto, começando pela recuperação das primeiras fontes já mapeadas na região.

Os participantes foram motivados a trazerem de casa sementes e mudas e o encerramento da atividade foi com um lanche e uma feira de troca de sementes e mudas para estimular a conservação de espécies nativas. Serão realizados mais dois encontros regionais, nas regiões Planalto e Campos de Cima da Serra, para apresentar as propostas e levantar novas sugestões de ações. Este projeto conta com o apoio da RGE e da SEMA (Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do RS).

 


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Articulação de iniciativas de geração de renda a partir das espécies nativas

CADEIA PRODUTIVA SOLIDÁRIA DAS FRUTAS NATIVAS DO RS

* Por Jairo Antonio Bosa [1]Jairo Antonio Bosa é Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento, da Universidade Federal do Paraná, Mestre em Agroecossistemas pela Universidade Federal de Santa … Continue reading

Quem nos dias atuais conhece, já experimentou ou então quer provar o sabor de um picolé de uma fruta nativa chamada guabiroba? Ou então um suco de uvaia, butiá, araçá? Quem conhece o potencial de flores, frutas, folhas, raízes e cascas de espécies nativas para a produção de alimentos ou extração de essências, fabricação de cosméticos ou produtos para tinturaria natural?

Pode parecer estranho ou até improvável que famílias e comunidades saibam e utilizem essas plantas, seja para seu uso ou para fazer produtos que são vendidos em grandes centros urbanos do sul do Brasil, como Porto Alegre e Florianópolis. Mas é precisamente isso que vários grupos, rurais e urbanos, vêm construindo já fazem alguns anos.

Esses grupos formam a Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas do Rio Grande do Sul (CPSFN).  Com base em uma organização ‘em rede’, ou seja, sem um espaço central de poder, mas com vários integrantes dividindo funções e responsabilidades na cadeia produtiva, é fundamental que os métodos e a dinâmica das ações e da organização, além de distribuídas, sejam bem assumidas e desempenhadas por todas as pessoas e os elos envolvidos no processo.

Esta ‘rede’ envolve um conjunto de atores de diferentes perfis, que atuam de forma complementar uns aos outros, formando uma organização produtiva que inicia nas pequenas propriedades rurais até chegar aos consumidores, passando pelo processamento, conservação, transporte e comercialização dos produtos. Então, entre esses distintos atores estão famílias agricultoras, equipes técnicas de entidades de assessoria e de pesquisa (como ONGs e universidades), empreendimentos de economia solidária, da gastronomia (restaurantes e chefs) e de comercialização dos produtos.

É deste conjunto de atores sociais e etapas que eles cumprem na cadeia produtiva que se forma a ‘rede’ ou, como se denominam, a Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas (embora o leque de opções esteja aumentando e hoje trabalham com espécies e produtos que vão além das frutas e da alimentação).

O surgimento da Cadeia das Frutas Nativas tem uma importante contribuição da experiência de trabalho do CETAP e do Encontro de Sabores. No CETAP, as discussões referentes à implantação de sistemas agroflorestais (SAFs) e valorização das frutas nativas iniciaram por volta do ano 2000 com famílias e grupos de agricultores assessorados pela entidade. O avanço da discussão e de experiências com SAFs e frutas nativas envolvendo outras organizações da promoção da agroecologia, em conjunto com iniciativas de economia solidária, criou a demanda e as condições para a articulação em nível de estado.

Jairo Bosa apresenta elementos do estudo sobre a CPSFN no Seminário Nacional sobre Dinâmicas de Comercialização (25.11.2021)

Estudo em andamento

Durante o ano de 2021, um estudo a partir do ponto de vista das pessoas e entidades que participam da CPSFN vem procurando compreender como o processo é organizado e quais os avanços, as dificuldades e os potenciais que esta experiência tem para ampliar seu alcance e se consolidar. O estudo demonstra que a Cadeia Produtiva integra um conjunto de dimensões da vida das pessoas e suas comunidades. De modo geral, todas essas dimensões são valorizadas e bem avaliadas por quem integra o processo, demonstrando a satisfação das/dos participantes em relação ao trabalho com as espécies vegetais nativas.

No aspecto ambiental, destaca-se a ‘conservação pelo uso’ (quando o manejo e uso das espécies é fator importante para sua reprodução e conservação) e a restauração ecológica, além da diversidade de espécies manejadas.

Quanto à dimensão social, é mencionada a diversidade de atores e formas de organização (informal, associativa, comunitária, institucional) que compõe a cadeia produtiva e a melhoria na qualidade de vida das famílias do campo e dos empreendimentos urbanos.

Em termos econômicos, destaca-se a geração de renda com a comercialização dos produtos (mas também a renda indireta com a subsistência) e o fato de articular famílias agricultoras e empreendimentos urbanos de economia solidária que atuam no processamento e na comercialização.

No aspecto político, é enfatizada a ação local e o fortalecimento político desses atores e suas propostas (como a conquista da certificação agroflorestal). No entanto, este trabalho precisa ser mais divulgado na sociedade para ganhar maior força e alcance nas políticas públicas.

A dimensão cultural é enfatizada pela percepção da valorização e do resgate de saberes associados à natureza e aos usos e manejos das espécies. Também se destaca o fortalecimento da solidariedade entre as pessoas, famílias e grupos sociais.

Em relação ao conhecimento, foi destacado o resgate de saberes das comunidades (espécies, usos, manejos) e sua complementação no diálogo com conhecimentos técnicos. O trabalho também vem despertando o interesse e a geração de pesquisas científicas.

Desafios e potenciais de crescimento

Um dos desafios atuais dos grupos que compõem a cadeia das frutas nativas é melhorar as condições e aumentar os volumes de produtos comercializados. Para isso, é necessário uma boa articulação e eficiência nas ações entre a produção, o processamento, o transporte e, enfim, a comercialização.

Uma das condições para tais melhorias é a capacidade de logística, que inclui a conservação (climatização) e o transporte dos produtos. Os grupos envolvidos reclamam a falta de políticas públicas de apoio, de modo especial, na facilitação de acesso à estruturas para as diversas fases da cadeia produtiva.

Por outro lado, como perspectiva, vários potenciais são citados. Um deles é que as plantas nativas representam uma importante fonte nutricional, sendo que algumas espécies têm alta produtividade por área e, por serem nativas ou bem adaptadas, não apresentam grandes problemas de doenças ou ataque de insetos, facilitando o manejo ecológico.

Além disso, o trabalho articula a proteção das espécies com alternativas socioprodutivas (sociais e econômicas) e enfrentamento à crise ambiental. Experiências como essa devem inspirar e merecer o apoio de governos e instituições internacionais que se reúnem e não chegam a acordos para soluções eficazes para os problemas climáticos, como aconteceu recentemente na COP26[2]COP26 é assim denominada por ter sido a 26ª reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada em novembro de 2021, na Escócia. Apesar dos estudos científicos e as … Continue reading.

Apresentação dos fluxos e dinâmicas da Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas nas diferentes regiões de atuação

As lideranças da cadeia das frutas nativas também destacam o potencial de consumo que se apresenta nos grandes centros urbanos. Segundo um depoimento, os consumidores estão “ávidos por produtos com estas características”. Neste mesmo sentido, é citado o potencial que estas iniciativas têm de serem geradoras de articulação e de ação coletiva, pois são vários elos desde o campo até a cidade que precisam e podem se encontrar para discutir e organizar todo processo de trabalho ‘em rede’. Isso gera a construção de outras formas de produção, consumo e compartilhamento de aprendizados, de tomadas de decisões e dos ganhos com o uso sustentável das espécies nativas.

Portanto, o conjunto desse trabalho traz uma importante contribuição tanto para o campo da agroecologia quanto para o da economia solidária, na medida em que: a) parte das espécies e produtos da sociobiodiversidade; b) promove o diálogo e a organização entre os diversos atores, buscando gradativamente incluir os consumidores (cumpre um papel de articulação entre a produção, as políticas públicas e a sociedade); e c) promove a soberania e segurança alimentar e a renda a partir de novas relações socioeconômicas.

Conforme as palavras de quem participa da construção da Cadeia produtiva: “Articula proteção das espécies com alternativas socioprodutivas relacionadas às agroflorestas e agroecologia”. Assim, além dos ganhos às famílias e comunidades, contribui para a restauração ecológica e enfrentamento às mudanças climáticas. E, desta forma, a Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas do RS vem dando passos importantes na construção social de um novo paradigma de economia, de base ecológica e solidária.

Este estudo em andamento conta com o apoio da Fundação Interamericana (IAF), através do projeto de cooperação para promoção da agricultura sustentável e segurança alimentar e o fortalecimento de canais de comercialização que conectem produtores e consumidores, promovendo a alimentação saudável.


Notas

Notas
1 Jairo Antonio Bosa é Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento, da Universidade Federal do Paraná, Mestre em Agroecossistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina.
2 COP26 é assim denominada por ter sido a 26ª reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada em novembro de 2021, na Escócia. Apesar dos estudos científicos e as análises dos governos apontarem para o aumento da gravidade das mudanças climáticas decorrentes da degradação ambiental, especialmente vinculada ao desmatamento e à emissão de gases, as metas aprovadas ainda são extremamente tímidas para reverter o processo de aquecimento global e suas consequências para todo o planeta.

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