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Projeto de cooperação internacional inicia construção de indicadores da Agroecologia na América Latina

A aceleração da crise climática global ameaça cada vez mais a segurança alimentar e nutricional das populações do campo e da cidade. Nesse contexto, a Agroecologia ganha importância por combinar produção de alimentos saudáveis com a conservação dos recursos naturais e a justiça social. Embora já esteja comprovado que os sistemas agroecológicos são mais resilientes às mudanças climáticas, há ainda uma carência de indicadores que relacionem o seu potencial econômico, social e ambiental.

Foi buscando preencher esta lacuna que um conjunto de organizações latinoamericanas deram início ao projeto “Agroecologia na América Latina: construindo caminhos”, uma iniciativa piloto regional que tem como estratégia coletar e sistematizar evidências científicas para o desenvolvimento de Indicadores da Agroecologia, com o objetivo de contribuir com a transição agroecológica e subsidiar a construção de políticas públicas que promovam o avanço da Agroecologia.

O projeto é desenvolvido através de cooperação internacional entre o Cepagro, a Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) – através da professora e pesquisadora canadense Hannah Wittman – e seis organizações que promovem a Agroecologia na América Latina: Centro Campesino, A.C. e Tijtoca Nemiliztli, A.C. (México), Fundesyram (El Salvador), Movimiento de Economía Social y Solidaria del Ecuador – meSSe (Equador), APRO (Paraguay), Movimento Mecenas da Vida – MMV (Bahia) e Centro de Tecnologias Alternativas Populares – CETAP (Rio Grande do Sul). O projeto tem o apoio da Fundação Interamericana (IAF).

María Farinango, agricultora na Comunidade San Vicente, província de Imbabura, Equador

O projeto tem o formato de uma pesquisa-ação, onde a coleta de dados será realizada de forma participativa com famílias agricultoras e organizações de apoio. Esta coleta será facilitada pelo LiteFarm, uma ferramenta digital de gestão agrícola desenvolvida por uma equipe de cientistas, agricultores-colaboradores, designers, desenvolvedores e estudantes da UBC. Além de dinamizar a coleta de dados das propriedades agroecológicas, o aplicativo visa auxiliar famílias agricultoras no acompanhamento e gestão de suas áreas produtivas. Como se trata de um projeto piloto, a efetividade desta ferramenta ainda está sendo testada e aprimorada.

Construção coletiva e pedagógica

Cada uma das organizações está trabalhando em parceria com pelo menos 15 famílias que possuem mais de três anos de experiência em produção agroecológica. Neste primeiro trimestre, em meio às dificuldades enfrentadas pela pandemia, as organizações iniciaram o diálogo com as famílias participantes para explicar melhor sobre o projeto, seus objetivos e benefícios.

Encontro entre agricultores da Rede Povos da Mata e técnicos do Movimento Mecenas da Vida

No Sul da Bahia, região nordeste do Brasil, o Movimento Mecenas da Vida irá trabalhar com famílias vinculadas à Rede de Agroecologia Povos da Mata. Entre as 15 unidades produtivas selecionadas há produção de frutíferas, folhosas, temperos e raízes, mas predominam as famílias que cultivam o cacau, principal cultura agrícola da região. Segundo Luiz Fernando Vieira Pozza, da diretoria do MMV, com esse projeto a instituição almeja “o fortalecimento das práticas sustentáveis e agroecológicas exercidas pelos agricultores da rede Povos da Mata. As trocas, aprendizagens e a cooperação fraterna com as instituições parceiras também são almejadas pelo MMV”, afirma.

Equipe do CETAP em visita aos agricultores ecologistas Idir e Oscar Cecatto, em São João da Urtiga, no Rio Grande do Sul, Brasil

Já no sul do Brasil, a iniciativa envolverá famílias agricultoras da Rede Ecovida de Agroecologia. Giovani Gonçalves, Coordenador Técnico do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP) espera que o projeto e o uso da ferramenta LiteFarm possam fornecer informações relevantes para fortalecer a transição agroecológica e subsidiar ações da organização nesse sentido, bem como “auxiliar as famílias na geração de dados que sirvam para os processos de certificação participativa”.

Nesses primeiros meses, os(as) extensionistas das organizações estiveram centrados em se familiarizar com a ferramenta LiteFarm, através de capacitações virtuais realizadas com desenvolvedores da UBC. Nestas capacitações as organizações contribuíram com sugestões para o aprimoramento da ferramenta, para que ela seja acessível aos agricultores/as e compatível com diferentes sistemas agroecológicos. Um desafio que se apresentou até o momento foi o acesso limitado à internet nas comunidades rurais, o que dificulta o uso do aplicativo à campo e exige metodologias adaptadas para a coleta de dados.

Equipe do meSSe em visita às famílias participantes do projeto na Serra norte do Equador

Rosa Murillo, agricultora e dinamizadora do Movimento de Economia Social e Solidária do Equador (meSSe), acredita que o projeto piloto, ao capacitar a equipe de dinamizadores do meSSe para o uso da ferramenta e para a análise da informação sob critérios técnicos econômicos, ambientais e sociais, “permitirá a médio e longo prazo fazer incidência interna e externa para o fortalecimento da agricultura familiar camponesa agroecológica, apoiando com mais precisão as atividades onde as famílias têm mais fragilidades”.

“Internamente o movimento pode fazer uso desta expertise para difundir o trabalho das famílias e as práticas desenvolvidas em suas propriedades a fim de ampliar seu raio de ação para novas famílias a nível territorial”. “A nível externo, permitirá incidir nas políticas públicas locais para conseguir o apoio do Estado às dinâmicas territoriais baseadas numa produção sustentável, estas podem conseguir uma assistência técnica à produção agroecológica, transformação de produtos, acesso a mercado, entre outros”, complementa Rosa.

Histórico de atuação em rede

As organizações latinoamericanas envolvidas neste projeto piloto já vinham atuando em uma rede de colaboração formada em torno da agroecologia desde 2016, através do projeto Saberes na Prática em Rede, coordenado pelo Cepagro com o apoio da Fundação Interamericana (IAF). As experiências e aprendizados vivenciados coletivamente em encontros presenciais e virtuais ao longo desses anos, despertaram não apenas a necessidade de seguir promovendo a agroecologia, mas também de medir os avanços que ela vem proporcionando em suas múltiplas dimensões.

Visualizando essa necessidade, as organizações identificaram conjuntamente uma série de indicadores relevantes nos âmbitos social, econômico e ambiental. Para citar alguns, estão o acesso à terra, água e sementes agroecológicas, a participação em agroindústrias e cooperativas, canais de comercialização, autoconsumo e dependência de insumos externos, por exemplo. Nesta primeira fase do projeto, serão então definidos entre 3 a 5 indicadores por eixo – social, econômico e ambiental – de forma participativa.

Para Erika Sagae, Vice-Presidenta do Cepagro e coordenadora do Projeto Agroecologia na América Latina: construindo caminhos, “a utilização do aplicativo, somada a construção de indicadores a partir da parceria com a UBC vai trazer elementos importantes, tanto para a efetivação de políticas públicas em Agroecologia a partir de dados que a gente possa estar apresentando para os governos locais, como também para essa troca de conhecimentos entre os países.”

Reunião com técnicos do Centro Campesino e Rede Tijtoca para discutir o andamento do projeto no México

Além de estreitar as relações entre os países e organizações latinoamericanas no campo da Agroecologia, o projeto fortalece também o trabalho de agricultores e agricultoras ecológicos. Para Victor Hugo Morales Hernandez, do Centro Campesino A.C. em Tlaxcala, no México, os agricultores(as) familiares serão beneficiados pois “terão disponíveis informações e dados que lhes permitam defender o seu trabalho para conseguir posicionar os seus produtos no mercado, sensibilizando a sociedade para reconhecer que não é justo que concorram com os modelos de agricultura moderna nem com os custos de comercialização”. Aponta ainda que “é um grande avanço para as organizações e produtores agroecologistas contar com ferramentas  que permitam compartilhar os resultados em diferentes contextos e assim apoiar a consolidação de movimentos e políticas”.

Portanto, com esta iniciativa piloto, espera-se melhorar o intercâmbio de experiências e conhecimentos sobre práticas agroecológicas locais, fortalecendo a Agroecologia na base e ao mesmo tempo vislumbrar um horizonte onde ela seja política e socialmente assumida como uma abordagem para o enfrentamento às crises emergentes.


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Eu digo não à violência contra às mulheres. E você?

Mudar nossas Ações para promoção de uma mudança cultural – este é o slogan da campanha promovida pela Framtidsjorden – Terra do Futuro, em conjunto com organizações parceiras de diferentes locais do mundo. O CETAP, como integrante da Rede Terra do Futuro, também envolveu-se na campanha que busca chamar a atenção para este tema, especialmente neste 25 de novembro – Dia da não violência contra as mulheres.

Confira abaixo alguns dos materiais produzidos:


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Agroecologia nas eleições

ANA apresenta propostas de políticas de apoio à agricultura familiar e à agroecologia e de promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional para as eleições municipais

Uma rede de entidades, coordenadas pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), lançou a campanha ‘Agroecologia nas Eleições’. Um esforço coletivo em todo o país para mapear políticas e programas municipais que apoiam a agroecologia e a agricultura familiar. O objetivo é promover o debate público durante o processo eleitoral e subsidiar a ação dos poderes executivo e legislativo dos municípios, além de evidenciar a importância da participação da sociedade civil na elaboração e execução de políticas públicas efetivas.

Essa ação é fruto de uma pesquisa inédita chamada “Municípios Agroecológicos e Políticas de Futuro” que mapeou mais de 700 políticas e programas municipais que apoiam a agroecologia e a agricultura familiar, promovem a segurança alimentar e nutricional no campo e na cidade. As iniciativas identificadas evidenciam uma grande diversidade de possibilidades para a intervenção pública a partir do poder executivo municipal. Mostram também que muito pode ser feito pelas Câmaras de Vereadores/as. Boas ideias já colocadas em prática em todo o país não faltam.

Entre os resultados da campanha está um documento com 36 propostas, organizadas em 13 campos temáticos, para a criação de políticas públicas de apoio à agricultura familiar e à agroecologia, a ser entregue a candidaturas de cidades pelo Brasil.

Outras informações e materiais disponíveis também no site da Articulação Nacional de Agroecologia – clique aqui


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16 de outubro é o Dia Mundial da Alimentação

A data de 16 de outubro marca a comemoração do Dia Mundial da Alimentação e queremos aproveitar para lembrar que uma alimentação adequada e saudável é um Direito Humano básico, que envolve a garantia ao acesso permanente e regular, de forma socialmente justa, a uma prática alimentar adequada aos aspectos biológicos e sociais das pessoas. O CETAP, ao longo dos seus 34 anos de história, busca promover este direito através do fortalecimento da agricultura familiar sustentável, tendo como base os princípios da agroecologia.

Nesta oportunidade, queremos convidar você para refletir sobre alguns aspectos importantes da nossa alimentação:

1. O que você sabe sobre a sua comida?

Esse questionamento, base da Campanha permanente de Promoção ao Consumo Consciente e Responsável, promovida pelo CETAP, nos convida a refletir sobre o conhecimento que possuíamos sobre a origem, a história, as relações, o conteúdo nutricional e os rastros deixados pelo alimento que chega no nosso prato.

Uma alimentação adequada e saudável deriva de ambiente socialmente e ambientalmente sustentável e nossas práticas alimentares podem e devem contemplar questionamentos em relação a nossa comida.

Questionar-se sobre a maneira como o alimento foi produzido, se é um alimento orgânico e proveniente de um comércio justo, contribui para tornarmos nosso consumo alimentar diário uma prática de consumo consciente e responsável.

2. Qual é a relação da sua comida com a cultura local? 

Consumir alimentos regionais e da época também é uma forma de fortalecer sistemas agroalimentares mais saudáveis e sustentáveis. Reflita: quais alimentos da sua região você inclui em suas práticas alimentares? Pinhão? Butiá? Batata-doce? Abóbora? Mandioca? Hortaliças? Frutas?

E ainda, quais receitas ou preparações que você costumava comer na infância e que hoje estão presentes na sua mesa, trazendo boas lembranças e recordações? Conectar-se com a cultura local e com a sua própria cultura, além de nutrição, traz experiências sensoriais inimagináveis e transforma o ato de comer em um divertido passeio por cores, texturas e sabores! Experimente!

Alimentação diz respeito à ingestão de nutrientes, mas também aos alimentos que contêm e fornecem os nutrientes, a como alimentos são combinados entre si e preparados, a características do modo de comer e às dimensões culturais e sociais das práticas alimentares. Todos esses aspectos influenciam a saúde e o bem-estar (Guia alimentar para a população brasileira, Ministério da Saúde, Brasil, 2014).

3. Como você come?

Comer com regularidade e atenção também é essencial para práticas alimentares mais saudáveis! Não deixe que a correria do dia-a-dia tire o tempo e o espaço que você deve dedicar à sua alimentação. Comer em companhia de outras pessoas e em ambientes adequados, sem a presenças de televisores ligados ou celulares sobre a mesa, também é uma forma de se conectar com o alimento e com o ambiente social que nos cerca.

Seres humanos são seres sociais e o hábito de comer em companhia está impregnado em nossa história, assim como a divisão da responsabilidade por encontrar ou adquirir, preparar e cozinhar alimentos. Compartilhar o comer e as atividades envolvidas neste ato é um modo simples e profundo de criar e desenvolver relações entre pessoas. Dessa forma, comer é parte natural da vida social (Guia alimentar para a população brasileira, Ministério da Saúde, Brasil, 2014).


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Alimentos Agroecológicos: aproximando pessoas e mudando atitudes

O Centro de Tecnologias Alternativas Populares está lançando, neste mês de setembro, uma revista que aborda a temática do abastecimento alimentar a partir da produção e da comercialização de alimentos agroecológicos, regulamentados no Brasil pela Lei 10.831, de 2003. O objetivo é compartilhar a caminhada realizada pelas famílias agricultoras nas regiões de atuação do CETAP, destacando as principais conquistas e alguns aprendizados.

Os pioneiros da produção de alimentos agroecológicos foram famílias agricultoras que, além de cultivar a terra, se desafiaram a buscar novos espaços de comercialização, que acontece, na maioria das vezes, de forma direta, resultando num processo muito rico de integração entre produtores e consumidores. Isso estimula novos diálogos, equilibra interesses e estabelece parcerias entre quem produz, quem oferta e aqueles que procuram alimentos mais saudáveis, provenientes de dinâmicas mais sustentáveis.

Este processo, no entanto, também é muito desafiador. Como conquistar novos adeptos a esta proposta? Que estratégias utilizar para ampliar as vendas e identificar novas demandas, sem contar com uma grande estrutura de comunicação? Como consolidar esta relação de confiança e manter constante diálogo entre produtores e consumidores? A caminhada realizada, relatada na revista, apresenta algumas sugestões para essas e tantas outras questões que fazem parte da importante missão de produzir alimentos sustentáveis, contribuindo para o reequilíbrio ambiental dos agroecossistemas e suas funcionalidades ecológicas, de forma que sejam acessíveis por meio de dinâmicas de intercooperação entre os diferentes atores, impulsionando o desenvolvimento local com base nos princípios da economia solidária.

Além da revista impressa, serão disponibilizadas no site do CETAP versões digitais em língua portuguesa, espanhola e inglesa. Clique no link abaixo para ver a revista e boa leitura!

Leia a versão digital da revista em língua portuguesa.

Leia a versão digital em língua espanhola

Leia a versão digital em língua
inglesa


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Marca de Passo Fundo cria bolacha de pinhão

Iniciativa visa valorizar os insumos nativos do Rio Grande do Sul

Explorar a força das frutas e sementes nativas no Rio Grande do Sul em diferentes receitas é o que inspira o empreendimento Encontro de Sabores, de Passo Fundo. Criado em 2014, o projeto, baseado nos princípios de agroecologia e economia solidária, desenvolve uma bolacha feita a partir de uma iguaria típica gaúcha: o pinhão. Além dela, há sucos, picolés, sorvetes e salgados que levam os insumos encontrados na Mata Araucária do Estado.

São cerca de 15 a 20 quilos de bolachas de pinhão produzidos por dia. A receita foi desenvolvida após um curso de capacitação oferecido pelo Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap). “Fazíamos só para as reuniões e o pessoal foi gostando. Criamos o rótulo e depois desenvolvemos a embalagem, que antes era de 500g e, agora, é de 200g. É para pegar e sair comendo”, diz a coordenadora do empreendimento, Lídia da Rocha Figueiró.

EMBALAGEM DA BOLACHA DE PINHÃO

Butiá, guabiroba, araçá, uvaia, juçara (fruta parecida com o açaí), jabuticaba e goiaba, além do pinhão, são os sabores que dão vida aos produtos. Segundo Lídia, são cerca de 150 famílias que fornecem as frutas e sementes. Algumas seguem os preceitos da produção agroecológica e outras usam do extrativismo. “Ou seja, colhem quando dá o fruto, mas não se envolvem com nenhum tipo de plantio”, explica.

O projeto tem assessoramento técnico do Cetap, organização da sociedade civil que trabalha com apoio de entidades de cooperação e de órgãos públicos municipais, estaduais e federais. “Os técnicos do Cetap acompanham o desenvolvimento das árvores para ver se a safra vai ser boa”, conta Lídia. Durante a pandemia, a parceria contribuiu para o seguimento do projeto, já que o centro está desenvolvendo campanhas de alimentação em que a Encontro de Sabores fornece seus produtos.

Outra iguaria que faz sucesso são os picolés de frutas, produzidos em parceria com uma sorveteria de Vacaria, e os salgados, como o croquete de pinhão com ou sem carne, o pastel de frango com butiá e o de pinhão. “É uma cadeia solidária das frutas nativas”, afirma Lídia.

Em Porto Alegre, o principal ponto de venda dos produtos da Encontro de Sabores é a Cooperativa GiraSol (Avenida Venâncio Aires, nº 757). Lídia afirma que os principais fornecedores são aqueles ligados às causas agroecológicas. “Aqueles que acreditam em um alimento mais justo e mais limpo”, pontua.

Por: Vitorya Paulo – repórter do GeraçãoE
Matéria publicada no Jornal do Comércio
(11/08/2020)


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Cooperativas promovem Campanha #VemCooperar em comemoração ao Dia Internacional do Cooperativismo

No Dia Internacional do Cooperativismo, comemorado em 4 de julho, as cooperativas Cresol, Sicredi, Coopvida, Coohasa, Creral, Casa e Majestade, de Sananduva/RS, se uniram para realizar a campanha #VemCooperar. Com o apoio do CETAP – Centro de Tecnologias Alternativas Populares, a ação foi destinada a arrecadar alimentos em prol das famílias em maior vulnerabilidade social do município. Essa é a primeira ação em conjuntos das cooperativas com o auxílio dos associados e da comunidade sananduvense em prol das entidades e pessoas necessitadas.

Durante a campanha, que aconteceu dos dias 20 de junho a 4 de julho, as cooperativas serviram como pontos de coleta, onde a comunidade sananduvense realizou as suas doações. O ato de generosidade da comunidade garantiu a arrecadação de mais de uma tonelada de alimentos, além de agasalhos e cobertores, que foram destinados a APAE, CRAS, Hospital Beneficente São João e Bombeiros Voluntários de Sananduva. A essência de uma cooperativa é a ação conjunta, a união de esforços em prol de um mesmo objetivo, ou melhor dizendo, a cooperação.

Em Passo Fundo/RS, a mobilização aconteceu durante todo o mês de julho. A comunidade local foi convidada a cooperar e agir para atender uma necessidade básica de famílias em vulnerabilidade social. A ação foi promovida em conjunto por cooperativas como Cresol, Sicredi, Coopafs, Cecafes e outras entidades que se somaram nesta iniciativa, entre elas o CETAP.

A campanha #VemCooperarPassoFundo faz parte das ações ligadas ao Dia Internacional do Cooperativismo, cujo tema em 2020 é Cooperativas para Ação Climática, e ao Dia de Cooperar, que teve a temática Atitudes simples movem o mundo. O objetivo foi a arrecadação de recursos financeiros para compra de alimentos para doação à entidades socioassistenciais de Passo Fundo, com atuação junto ao público em vulnerabilidade social. A comunidade local participou doando valores em dinheiro e comprando cestas de alimentos das Cooperativas Agricultura da Familiar para doar, tudo de forma online, em plataformas montadas para esta finalidade.

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Democratização do acesso ao alimento saudável

Agricultura familiar orgânica e agroecológica é qualidade de vida no campo e saúde da mesa da população.

No entanto, com a chegada da pandemia, tanto a comercialização da agricultura familiar quanto o abastecimento alimentar foram afetados. Para mitigar essa situação, redes de solidariedade têm se formado em diversas regiões do Brasil, levando comida de verdade e livre de veneno do campo para a cidade. Essas ações têm amenizado os impactos da Insegurança Alimentar para muitas famílias.

Mas o fortalecimento da agricultura familiar e a democratização do acesso aos alimentos saudáveis deve ser permanente. Esse é um papel principalmente do Estado, mas também pode ser incentivado através das nossas escolhas de consumo.

🎬 Assista ao vídeo e entenda mais sobre como a população pode contribuir com as famílias agricultoras e o fortalecimento da agroecologia e agricultura orgânica.

A realização deste vídeo é uma parceria entre Cepagro, Centro Vianei (SC), AS-PTA Agroecologia (PR) e CETAP (RS) através do projeto Misereor em Rede. Um dos objetivos do projeto é fomentar as redes territoriais e organizações da agricultura familiar orgânica e agroecológica.


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Grupo Pé na Terra conquista Prêmio Juventude Rural Inovadora na América Latina e Caribe

O Fundo Internacional para Desenvolvimento Agrícola (FIDA) realizou uma premiação para identificar e promover iniciativas feitas por jovens para inovação na área rural. Foram aceitas propostas de jovens residentes na América Latina e no Caribe, que tenham uma iniciativa inovadora já implementada e validada. Foram premiadas as melhores iniciativas nas seguintes categorias: Conservação; Sustentabilidade; Mudanças climáticas; Comunicação e tecnologia; Inclusão financeira; Educação; Segurança alimentar; Geração de renda.

Entre as 576 inscrições de toda a América Latina e Caribe, a iniciativa do Grupo Pé na Terra foi classificada entre as 16 finalistas e conquistou o prêmio na categoria SEGURANÇA ALIMENTAR. Nesta categoria os requisitos foram: “iniciativas que promovam e/ou garantam o direito das populações rurais da América Latina e do Caribe ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis”.

Por acreditar que uma alimentação natural e uma agricultura sustentável são importantes para uma sociedade mais justa, o Grupo Pé na Terra tem em seu enfoque o cultivo e o processamento de alimentos que garantam saúde e inclusão social. A essência da produção é baseada nos princípios naturais dos ecossistemas, através da agrofloresta, onde são aliadas a recuperação florestal com a produção de alimentos sem agroquímicos.

Para a comercialização dos produtos, o grupo realiza a Feira Pé na Terra, com grande diversidade de itens, respeitando a sazonalidade. Para que não haja desperdício, os alimentos excedentes são manipulados e servidos na forma de refeições a preços acessíveis para a população local. “A distinção nos fortalece como grupo e nos faz acreditar que a degradação total do meio ambiente ainda pode ser evitada”, diz Josué Gregio, que além do Grupo Pé na Terra, integra o quadro de associados do CETAP e atualmente exerce a função de Coordenador Geral da entidade.

Em sua manifestação na cerimônia de entrega dos prêmios, realizada de forma online, no dia 7 de julho de 2020, os integrantes do Grupo Pé na Terra expressaram sua alegria pelo reconhecimento através deste prêmio e a importância de iniciativas que conectem e motivem outros jovens a trabalhar em parceria:

A nossa iniciativa surgiu de jovens que se sentiam sós, cercados e sufocados pela agricultura convencional. No nosso caso, o CETAP (Centro de Tecnologias e Alternativas Populares), Organização Não Governamental, através da promoção de eventos e apoio à agroecologia, possibilitou a união deste grupo, assim como a participação neste prêmio. Por isso, e muito mais, nosso agradecimento aos amigos e parceiros do CETAP.

Nós do Grupo Pé na terra, buscamos agir de acordo com a natureza. Nosso cultivo é feito em agrofloresta, em sistema agroecológico, o que valoriza o ecossistema local. Além disso, por estarmos envolvidos no processamento de alimentos orgânicos, achamos que é essencial o consumo destes produtos também na forma in natura, e foi por isso que criamos a nossa feira. No restaurante em que processamos nossos produtos, usufruímos do conhecimento da ecogastronomia para elaborar um cardápio diário, baseado no que a natureza nos permite produzir naquela estação do ano.  

A alimentação saudável e a compreensão do que estamos colocando no prato, do que está nos nutrindo, é direito de todos. E a escolha de maneira consciente em relação ao que se come pode contribuir para uma sociedade sem fome, segura para as próximas gerações e com alimentos de verdade.  Em nome dos meus companheiros o meu muito obrigada por este prêmio, a todos que colaboram para que a gentecresça. Este reconhecimento significa muito e nos fortalece. Nós não estamos sós!

As iniciativas concorrentes foram analisadas por um Comitê Avaliador composto por técnicos e especialistas da ONU, além de representantes de organizações parceiras e da iniciativa privada. Os critérios de avaliação foram: grau de inovação, potencial de escalabilidade e replicabilidade, resultados e impactos para o desenvolvimento rural e também para os grupos vulneráveis, modelo de negócios e a proposta de valor e conhecimento sobre o mercado.

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Grupo Pé na Terra

O Grupo Pé na Terra iniciou com a união de três famílias, cujos principais objetivos estão focados em uma alimentação saudável e diversificada, tendo destaque a agricultura não degradante, onde se obtém um positivo desenvolvimento econômico e sustentável. Fazem parte desta iniciativa, o Sítio Dossel, de Josué Gregio, localizado na área rural do Município de Sananduva, Sítio VivaFlor, de Emanuel Hollenbach e Naiara Santestevan, do Município de São João da Urtiga e o Restaurante Utopia Gastronomia, de Daniel Leite e Taciane Kartabil, de Sananduva, todos na região norte do estado do Rio Grande do Sul.


FIDA

O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) é uma instituição financeira internacional e uma agência especializada das Nações Unidas, com sede em Roma. Desde sua criação em 1977, o FIDA se concentra na redução da pobreza rural, trabalhando com populações rurais nos países em desenvolvimento. Busca desenvolver uma abordagem centrada nas pessoas e orientada a parcerias que oferece resultados. A agricultura em pequena escala é essencial para o este modelo de desenvolvimento, que conecta agricultores e homens e mulheres rurais com mercados e serviços, para que possam crescer e aumentar sua renda.


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Agricultura Familiar da região sul busca alternativas para compensar queda na comercialização devido à pandemia

Não é novidade que a agricultura familiar é responsável por produzir 70% dos alimentos que vão para a mesa da população brasileira. Não há pandemia que substitua a importância dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no abastecimento alimentar das cidades, muito pelo contrário, a necessidade de consumir alimentos diversos e saudáveis é ainda mais evidente agora. No entanto, o fechamento de escolas, feiras e restaurantes, combinado ao enfraquecimento das políticas públicas de Segurança Alimentar, têm afetado a comercialização desse setor e, consequentemente, a garantia de renda no campo e o abastecimento das cidades.

Na região sul do Brasil, à crise da Covid-19, soma-se um período de estiagem que também tem afetado a produção da agricultura familiar. Nesse novo contexto, as famílias agricultoras buscam alternativas para dar destino à sua produção e garantir a renda no fim do mês. Uma das opções encontradas por algumas delas, foi a comercialização de cestas de alimentos diretamente para o consumidor final, em diferentes modalidades.

Cestas organizadas pela Cooperativa de Famílias de Agricultores Ecológicos de São Mateus do Sul (COFAECO) | Foto: ASPTA Agroecologia

É o caso da Cooperativa de Famílias de Agricultores Ecológicos de São Mateus do Sul (COFAECO), no Paraná, que para comercializar os produtos que antes eram adquiridos diretamente na loja física da cooperativa, aprimorou o uso das tecnologias sociais para receber pedidos por encomenda. Houve um expressivo crescimento na demanda nos últimos dois meses, após a chegada da pandemia no país. Em março, foram comercializadas, em média, 25 cestas por semana. Já nas duas últimas semanas de maio, mais de 60 cestas foram entregues entre produtos in natura e processados.

Foto: Centro Vianei

Em Lages, na Serra Catarinense, apenas uma feira de produtores agroecológicos e da agricultura familiar está em funcionamento. Se deparando com uma queda no movimento em relação aos meses anteriores e a ausência de medidas efetivas do poder público, foi preciso buscar outros caminhos de comercialização. A alternativa de algumas famílias agricultoras foi entregar parte da produção para a Cooperativa Ecoserra, que além de fornecer para o exército através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade de Compra Institucional, também faz a distribuição de cestas agroecológicas em Lages e Florianópolis.

Produtos das “Cestas Ecológicas Delivery” em Passo Fundo/RS

Essa prática de delivery de cestas agroecológicas foi adotada também por famílias do Rio Grande do Sul, onde municípios como Passo Fundo seguem com decreto de suspensão das feiras. Segundo Cíntia Gris, nutricionista do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP), que atua na região, apesar de ser uma iniciativa fundamental para o momento, é preciso aumentar a quantidade de entregas, que ainda tem um consumo inferior ao das feiras. “Estimamos que o volume comercializado atualmente significa 40% da comercialização antes da pandemia”, afirma Cíntia.

Gilmar Cognacco, agricultor agroecológico | Foto: Cepagro

Já em Florianópolis, as feiras estão funcionando com restrições sanitárias, porém o movimento também caiu, segundo Gilmar Cognacco, agricultor agroecológico de Leoberto Leal, Mesorregião da Grande Florianópolis. Além de abastecer uma feira na capital catarinense, Gilmar também comercializa no município de Brusque e conta que o movimento diminuiu de 30% a 60% com relação aos meses anteriores à pandemia.

E as feiras são apenas um dos aspectos

Outra mudança que tem afetado muitas famílias da região sul foi a interrupção do abastecimento escolar através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Em alguns municípios, com a suspensão das aulas, suspendeu-se também a compra de alimentos da agricultura familiar, que no caso de Gilmar Cognacco, representava 60% da renda de sua família.

No dia 7 de abril, o Governo Federal sancionou a Lei n° 13.987, que autoriza, em caráter excepcional, a distribuição de alimentos adquiridos com recursos do PNAE aos responsáveis dos estudantes das escolas públicas de educação básica. Após essa sanção, o governo municipal de Florianópolis/SC fez a distribuição dos alimentos que estavam estocados nas escolas, no formato de kits montados pelas diretoras e nutricionistas, a famílias de estudantes identificadas com maior insegurança alimentar. Entretanto, ao abrir um edital para a compra de novos kits, não foram incluídos os alimentos in natura, como frutas e vegetais. A Secretaria de Educação disse que pretende posteriormente incluir os gêneros alimentícios da agricultura familiar.

Nas escolas municipais de Passo Fundo/RS, os alimentos que estavam destinados para a alimentação dos meses de março e abril também foram distribuídos a famílias de estudantes através dos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), mas nem todos os estudantes de baixa renda foram atendidos, havendo reclamações e a necessidade de ajustes neste sentido. O município vinha realizando compras da Agricultura Familiar acima do mínimo de 30% determinado pelo PNAE, mas desde a suspensão das aulas, não foram realizadas novas compras da Agricultura Familiar.

Neura Grando, agricultora de Lagoa Vermelha/RS | Foto: Cetap

Na região serrana de Santa Catarina a situação foi a mesma e o agricultor Lucas Francisco Goulart, de Campo Belo, que fornecia a escolas via PNAE, deixou de entregar pelo menos cinco variedades de alimentos frescos que já estavam licitados. Assim como Neura Grando dos Santos, agricultora agroecológica do município de Lagoa Vermelha/RS, que também ficou sem fornecer via PNAE. Por outro lado, segue fazendo feira e notou um aumento na venda online dos seus produtos.

No Paraná, a nível de estado, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foi interrompido durantes quinze dias após a paralisação das aulas, sendo normalizado na sequência. É uma importante fonte de renda para muitas famílias agricultoras da região, bem como para muitos estudantes que têm a alimentação escolar como única refeição diária. As organizações da agricultura familiar realizam as entregas quinzenalmente nas escolas, onde são preparadas as cestas destes alimentos e distribuídos às famílias de estudantes em vulnerabilidades.

Sociedade civil fora da jogada

Em abril, o governo do Paraná anunciou também recursos para o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), em caráter emergencial, na modalidade de compra e doação simultânea, destinando os alimentos oriundos da agricultura familiar a pessoas em risco social. No entanto, a proposta não foi debatida com a sociedade civil e organizações da agricultura familiar. “O diálogo é importante para observar as demandas, perspectivas e desafios enfrentados no campo. O aporte emergencial do estado, no valor de R$20 milhões, é insuficiente para atender as necessidades tanto de famílias agricultoras quanto das pessoas beneficiadas com os alimentos”, de acordo com Fábio Pereira, assessor técnico da AS-PTA.

Foto: Luiza Damigo – ASPTA Agroecologia

A agricultora paranaense Maria Terezinha Oliveira, da Comunidade da Invernada, zona rural de Rio Azul, é uma das que fornece ao PAA. Para complementar a renda, ela também comercializa leite, ovos, panificados e a colheita de seu quintal produtivo diretamente em sua casa, que está sempre com as portas abertas – agora com algumas medidas de precaução devido a Covid-19. “Como aqui é uma região com muita plantação de fumo, as pessoas acabam não conseguindo plantar comida para o próprio sustento, às vezes até por falta de tempo. E me procuram seja para uma cuca, biscoito, verduras, sabendo que vão levar um alimento saudável. O que sinto falta é de tomar um chimarrão com minhas comadres, mas é preciso tomar cuidado”.

Em Santa Catarina, a situação foi parecida. O governo estadual anunciou a liberação de R$ 2 milhões de reais para o PAA, na modalidade de compra institucional. Mas a proposta foi construída sem a participação do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea/SC), por meio do qual a sociedade civil apresenta suas demandas de SAN. Além do baixo valor anunciado, a proposta do governo coloca como prioritário os municípios com IDH abaixo de 0.7 para acesso ao programa, o que não revela onde estão de fato os grandes bolsões de insegurança alimentar.

Em contraste, o Consea/SC elaborou outra proposta (veja aqui: https://bit.ly/2X2dAq6), demonstrando que o repasse precisa ser de R$ 23,2 milhões na modalidade de Compra com Doação Simultânea. O valor foi definido com base em um estudo elaborado pelo próprio conselho sobre a realidade socioeconômica de Santa Catarina.

Nesse sentido, a presença ativa das organizações da Agricultura Familiar e Agroecológica em conselhos de SAN, como os Conseas e Conselhos de Alimentação Escolar (CAE), municipais e estaduais, são extremamente importantes para pautar e cobrar ações do poder público. É essa atuação que o Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP), no Rio Grande do Sul, a AS-PTA – Agroecologia e Agricultura Familiar, no Paraná e as organizações catarinenses, Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro) e Centro Vianei promovem conjuntamente através do projeto Misereor em Rede, que tem como objetivo promover a soberania alimentar e a agroecologia no sul do Brasil.

E se essas ações de incidência política são importantes, nossas escolhas de consumo também são. Devemos, enquanto consumidores e dentro da realidade e possibilidade de cada um, apoiar a agricultura familiar agroecológica consumindo alimentos diretamente das famílias produtoras. Se puder, compre de quem produz perto de você, afinal, comer é um ato político.


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