Dando sequência aos encontros regionais sobre abelhas nativas, já tradicionais na Região Alto Uruguai gaúcha, no dia 30 de novembro, estiveram reunidos na Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Campus Erechim, em torno de 100 pessoas, entre meliponicultores da região, pesquisadores, estudantes e técnicos da área.
O encontro buscou promover a troca de experiências e o aprimoramento de técnicas de manejo de abelhas nativas, reunindo criadores de abelhas que estão iniciando na meliponicultura e também pessoas com grande experiência no manejo e na viabilização econômica desta atividade. Além de dar grande destaque para o diálogo sobre boas práticas no manejo das colmeias e produção de mel, este encontro também apresentou possibilidades de melhorar a viabilidade econômica, com diferentes experiências de empreendedorismo na meliponicultura, agroindústria e legalização do processamento.
O encontro teve três painéis temáticos. O 1º Painel foi conduzido por Marlon Tiago Hladczud, com o tema: “Boas práticas na produção, colheita, armazenamento e comércio dos meles de ANSF”. Marlon é Técnico em Agropecuária e reside em Prudentópolis/PR, também é Técnico em Meio Ambiente, extensionista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR PR), apicultor e meliponicultor com mais de 20 anos de experiência.
Marlon comentou que no mundo existem em torno de 20.000 espécies de abelhas, sendo que aproximadamente 800 são sociais e mais de 400 delas estão no Brasil. “Apenas uma delas possui ferrão, as outras são todas conhecidas como abelhas nativas ou indígenas, com fácil manejo e mel muito valorizado. Abelhas produzem mel, pólen, própolis, geleia real entre outros derivados e o principal produto delas é a polinização. A criação de abelhas não ocupa muito espaço de terra para ser implantada, além de poder ser consorciada com diversas culturas, trazendo melhorias na produção onde elas estão presentes. Além disso, a presença de abelhas é extremamente importante, pois 80% da vegetação do planeta depende de abelhas para se reproduzirem”, destacou Marlon.
Também foi ressaltado que o mel é um produto nobre e oneroso para as abelhas, então quem cria abelhas deve ter os cuidados necessários para potencializar a colheita, evitar contaminações para manter a alta qualidade deste produto e não desperdiçar, já que os volumes são muitas vezes pequenos, proporcionais ao tamanho das abelhas nativas. Outro aspecto abordado foi o envase, a apresentação das embalagens, o armazenamento e alguns processos de maturação e pasteurização, visando a comercialização e o transporte para locais mais distantes.
O 2º Painel foi conduzido por Thiandra Sangaletti, com o tema “Empreendedorismo na meliponicultora”. Thiandra é Bióloga, pós graduada em Biologia da Conservação da Natureza, com formação em meliponicultura profissional e produz cosméticos naturais e produtos de cuidado com a saúde, sendo proprietária do Meliponário Rainha do Sul.
Em sua apresentação, Thiandra comentou que a meliponicultura é uma atividade terapêutica, saudável e sustentável. Mas, além de ser uma atividade prazerosa e, muitas vezes, estar mais ligada a um hobby, ela pode vir a se tornar uma atividade rentável, transformando-se em uma fonte de renda para o meliponicultor. Ela apresentou diferentes possibilidades de prestação de serviço, produção e comercialização de produtos ligados à meliponicultura.
Alguns dos aspectos importantes do empreendedorismo que foram abordados foram a visão de negócio e inovação no seu segmento, também a importância do planejamento estratégico e de uma gestão eficiente, além da capacitação em marketing e elaboração de estratégias de vendas, sempre mantendo a resiliência e a capacidade de adaptação.
O 3º Painel contou com a apresentação de Carlos Angonese, com o tema “Agroindústria e legalização do processamento”. Carlos é Extensionista da Emater/RS e atua há muitos anos na assessoria para projetos de instalação de unidades de produção de famílias rurais, grupos e municípios. Ele destacou o grande crescimento desta atividade nos últimos anos, fazendo com que a meliponicultora ganhe mais visibilidade na produção de mel.
Angonese falou sobre boas práticas e procedimentos no manejo e colheita, necessários para manter as características originais do mel. Instalações com condições de garantir a qualidade sanitária do produto, com paredes, pisos, tetos, equipamentos e secções exigidas, que facilitem a higienização do ambiente, considerando a recepção, manipulação, envase e expedição. Foram abordados também equipamentos, ferramentas e vestimentas adequadas, além de informações sobre os serviços de inspeção e certificações municipais, estaduais e federal (SIM, SIE e SIF).
Na sequência, os participantes do encontro se dividiram em três grupos. O primeiro realizou uma roda de conversa sobre pasto apícola, aprofundando formas de alimentação complementar para os enxames e trocando experiências sobre o manejo de ANSF.
Os outros dois grupos participaram de oficinas. Uma sobre saboaria artesanal e produção de produtos como cosméticos naturais e de cuidados com a saúde com a utilização de insumos das colmeias (cerúmen, mel, pólen e própolis). E outra oficina que realizou a transferência de um enxame de uma isca para uma caixa racional e também a multiplicação, quando os discos de cria maduros são divididos em duas caixas para ampliar o número de enxames.
O encerramento da atividade foi com um coquetel preparado pelo empreendimento urbano Encontro de Sabores, de Passo Fundo/RS, que integra a Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas. Foram preparados diferentes pratos com produtos da biodiversidade nativa gaúcha, como pastel de frango com butiá, croquete, pão e bolacha de pinhão, geleias com mel de abelha jataí, pesto de pinhão, e outros produtos com polpas de frutas nativas, além de suco de butiá e de jabuticaba. Esta atividade contou com o apoio de um projeto de parceria entre o CETAP, a SEMA/RS e a empresa RGE.
Representantes de 12 organizações de nove países discutem avanços e desafios da agroecologia no continente e reforçam compromisso com a pesquisa participativa e a construção de evidências sobre os sistemas agroecológicos.
Entre os dias 26 e 30 de outubro, o Paraguai recebeu o terceiro encontro presencial do projeto Agroecologia na América Latina: Construindo Caminhos”, reunindo representantes de 12 organizações sociais do Brasil, Paraguai, Equador, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Canadá e Estados Unidos da América. O projeto, que começou em 2020, visa gerar evidências sobre a agroecologia por meio de uma pesquisa-ação participativa que já envolveu mais de 320 famílias agricultoras em sete países. Um dos momentos mais importantes do encontro foi a análise e revisão do terceiro relatório do projeto, elaborado com base em dados coletados entre julho de 2023 e junho de 2024.
Durante o debate, as organizações participantes trocaram percepções sobre os insights e desafios apontados pelo relatório, que acaba de ser publicado. Entre os temas discutidos, destacou-se a questão da permanência da juventude no campo, considerando que o êxodo rural é uma problemática recorrente em todos os países envolvidos. O relatório revela, por exemplo, que o grau de autonomia financeira dos/as jovens influencia diretamente o seu interesse em continuar na agroecologia e permanecer no território. Informações como esta ajudam as organizações a desenvolver estratégias de atuação com esse público, já que a sucessão rural é um dos pilares da sustentabilidade da agroecologia.
“A importância de contribuir para a construção da autonomia financeira dos jovens rurais, que permita que o desejo de permanecer no território continue crescendo, é, sem dúvida, uma das conclusões mais relevantes para nós. Já dedicamos muitos anos a nos preocupar com esse tema, que é uma preocupação comum em toda a América Latina. O campo está envelhecendo por diversas razões, e reconhecer que existe uma possibilidade real de bem-estar para os jovens, que lhes ofereça um futuro viável, é certamente um primeiro indicador e uma conclusão muito significativa”, afirma Ricardo Eslava, integrante da equipe diretiva da Corporación Buen Ambiente (Corambiente), na Colômbia.
A Corambiente, assim como as demais organizações participantes, tem promovido ativamente a participação de jovens camponeses e camponesas na execução da pesquisa-ação. Esses/as jovens desempenham um papel fundamental, contribuindo para a coleta de informações em colaboração com suas famílias e comunidades. No Equador, a mesma abordagem é adotada pelo Movimiento de Economía Social y Solidaria del Ecuador (meSSe), como destaca Rosa Murillo: “Envolvemos bastante os jovens das famílias justamente para demonstrar que um jovem, na realidade, não sai do campo para a cidade porque quer, mas porque o sistema o expulsa e não permite que jovens que desejam ficar no campo vivam dignamente. Com essas informações, queremos justamente tornar visível que, talvez, com políticas adequadas às realidades, um jovem ou uma família com filhos possa permanecer no campo”.
Outro indicador relevante, tanto para as organizações quanto para as famílias agricultoras, é o de agrobiodiversidade. “Basicamente, o que descobrimos por meio desses relatórios, baseados nos primeiros anos de experiência no projeto, é que muitas famílias não percebiam a riqueza da diversidade que possuíam em suas unidades de produção”, comenta Walter Santillana, técnico da Fundesyram, de El Salvador. No caso de algumas famílias salvadorenhas participantes da pesquisa-ação, os registros realizados por elas próprias revelaram que espécies nativas como a cúrcuma e o gengibre estavam sendo subutilizadas. “Muitos produtores tinham esses cultivos em suas parcelas, mas só tomaram consciência disso quando registraram. […] Agora, com esse conhecimento, estão abrindo novos espaços de comercialização para outros cultivos”, acrescenta Walter.
As organizações destacaram também a importância de acompanhar a adoção de práticas agroecológicas ao longo do tempo e avaliar como elas impactam a produção, bem como mensurar a viabilidade financeira da agroecologia, um dado fundamental para fortalecer o diálogo com famílias agricultoras que ainda permanecem no sistema de produção convencional. Essas informações são essenciais para incentivar essas famílias a iniciarem uma transição para a agroecologia, bem como gerar confiança nas famílias que estão em processo de transição.
Por fim, destacou-se a importância e o desafio de mensurar os serviços ecossistêmicos gerados por propriedades agroecológicas, como o sequestro de carbono, a ciclagem de nutrientes, a preservação da biodiversidade, entre outros. Esses indicadores representam um argumento poderoso para o Movimento Agroecológico, evidenciando que os sistemas agroecológicos de produção vão além da simples mudança de insumos para cultivar alimentos saudáveis, promovendo benefícios ambientais e sociais integrados.
A tecnologia como aliada da agroecologia
Outro debate levantado no encontro, que vem sendo pautado pelo projeto, é sobre a cultura do registro na agricultura familiar agroecológica. Em geral, agricultores e agricultoras familiares não têm o hábito de registrar suas atividades de forma escrita e compartilhável. Este cenário torna ainda mais desafiadora a tarefa de medir a produção agroecológica, por exemplo, que é um dos indicadores elencados na pesquisa-ação. Por outro lado, a própria pesquisa-ação tem instigado este hábito nas famílias participantes, com a ajuda do aplicativo LiteFarm.
O aplicativo, voltado para a gestão das unidades agrícolas, está sendo co-desenvolvido pelo Comitê Gestor do projeto e tem demonstrado como a tecnologia pode ser uma aliada na promoção da agroecologia. Com o apoio das organizações, cada agricultor/a cria uma conta no LiteFarm, registra o mapa de sua propriedade e, a partir disso, começa a inserir dados sobre plantio e semeadura, aplicação de insumos, rotinas de trabalho, colheitas, entre outras informações.
Segundo Humberto Morales Fuentes, do Centro Campesino para el Desarrollo Sustentable, do México, essa tem sido um experiência muito interessante “porque o produtor, que antes não conseguia sistematizar ou organizar suas atividades, aprendeu com a plataforma a manter ordem em suas tarefas. O simples fato de o produtor ver sua parcela no mapa digital, faz com que ele se sinta incluído nesse mundo, o mundo digital. Isso, então, gera uma melhora na autoestima dele. Além disso, a plataforma trouxe benefícios, como ajudá-lo a organizar seus gastos e entender melhor quanto ele ganha com a venda de suas colheitas. Também o ensina a calcular quanto tempo sua família investe trabalhando na unidade produtiva, incluindo o tempo que filhos, netos ou sobrinhos dedicam ao trabalho na parcela – algo que ele antes não sabia”.
Política e Governança de Dados
Outro momento importante do encontro foi a oficina sobre Política e Governança de Dados, ministrada pela Professora da Universidade da Colúmbia Britânica, Dra. Hannah Wittman, que vem coordenando a pesquisa-ação junto ao Comitê Gestor. A oficina abordou os desafios técnicos relacionados à gestão de dados, incluindo questões éticas sobre a coleta, uso e compartilhamento das informações. Durante a atividade, as organizações que ainda não possuíam uma política de governança de dados puderam começar a elaborá-la, além de trocar percepções e experiências sobre o tema.
Solo, a base da Agroecologia
Para além da pesquisa participativa, a iniciativa “Construindo Caminhos” é também um projeto de ação, com atividades de apoio, assistência técnica e formação para famílias agricultoras. Um tema central, que tem sido amplamente trabalhado no último ano pelo Comitê Gestor do projeto, é a saúde do solo. Por isso, uma das últimas atividades do encontro foi a realização de uma oficina dedicada a esse tema.
A oficina partiu de um diagnóstico sobre a qualidade do solo nas propriedades agroecológicas mapeadas pelo projeto, feito em colaboração com as famílias participantes, a partir do qual foram identificados erros, acertos e problemas relacionados ao manejo do solo. Entre os problemas encontrados, destacaram-se a acidez, a compactação, a falta de água, a contaminação e o histórico de uso intensivo do solo sem o manejo adequado.
Em seguida, as organizações traçaram estratégias coletivas a serem desenvolvidas nos territórios, em parceria com os agricultores/as, para garantir solos mais férteis e resilientes no contexto latino-americano. Entre as estratégias apontadas pelo grupo, destacaram-se a promoção de práticas agroecológicas, a criação de programas de formação técnica para os/as agricultores/as, a construção de alianças com a academia e a incidência em políticas públicas de fomento. Além disso, enfatizou-se a importância de conscientizar cada vez mais os agricultores e agricultoras sobre o estudo do solo e, respeitando o conhecimento que estes têm, ajudá-los a identificar as causas de seus problemas e como podem resolvê-los.
X Congresso Latinoamericano de Agroecologia
Rede Latino-americana de Agroecologia
A escolha do Paraguai como país-sede do 3º encontro do projeto “Agroecologia na América Latina: Construindo Caminhos” se deu, sobretudo, pelo fato de que, entre 23 e 25 de outubro, o país também foi palco do X Congresso Latinoamericano de Agroecologia. O Comitê Gestor do projeto participou coletivamente do evento, apresentando trabalhos acadêmicos, relatos de experiência e realizando oficinas temáticas. Além disso, os encontros presenciais representam sempre uma oportunidade de conhecer o trabalho de uma das organizações do Comitê Gestor. Desta vez, a anfitriã foi a Asociación de Productores Orgánicos (APRO).
A APRO foi constituída em 1999 com o objetivo de buscar canais de comercialização propícios para seus associados, que atualmente somam mais de 300 produtores e produtoras orgânicas. Sócio-fundador da APRO, Genaro Ferreira Piris, explica que a associação decidiu incorporar-se no projeto “Construindo Caminhos” porque queria “provar e demonstrar que a agroecologia é rentável. Ou seja, com a agroecologia, não se ganha apenas de forma econômica, mas também no aspecto ambiental, social e cultural […] Somente demonstrando de forma quantitativa e qualitativa para as autoridades, elas se interessam, porque aqui no Paraguai precisamos fomentar mais a agroecologia. Por isso, nos interessa ter esses resultados, para demonstrar que com todo esse trabalho que está sendo feito há ganhos, ou seja, o bem viver”.
Genaro avaliou o encontro como “um momento muito propício para aprender juntos, compartilhar nossas experiências e enriquecer este grupo. Já somos praticamente uma grande família latino-americana e o nome que leva – construindo caminhos – acredito que é muito adequado e oportuno. Estamos muito felizes por sermos um país receptor”.
Ao final dos cinco dias, o encontro reforçou o compromisso das organizações com a pesquisa participativa e a construção de caminhos para um futuro mais sustentável e inclusivo para as comunidades agroecológicas. “Nossa metodologia partiu da ação e não da pesquisa. Partimos da necessidade que tínhamos como organizações de base, como famílias camponesas e agroecológicas, porque, no momento em que nos perguntavam se a agricultura é viável ou não, não tínhamos nada para mostrar. E agora somos parte de uma mesa nacional de indicadores com outros atores, onde apresentamos a metodologia, que é participativa e que construímos participativamente os indicadores. Colocamos esse tema em discussão nas reuniões que temos com outros atores para ver se isso impacta as políticas públicas e o que talvez seja mais valorizado é o fato de termos feito isso”, avalia Rosa Murillo (meSSe).
No dia 25 de novembro, no Sítio Volpato, localizado na comunidade de São Salvador, em Ciríaco/RS, aconteceu uma oficina sobre manejo de abelhas nativas sem ferrão. O evento, que contou com a participação de 34 pessoas, entre agricultores, agricultoras e crianças da escola local, teve como objetivo promover o conhecimento sobre a importância desses polinizadores e incentivar a criação de meliponários na região.
Durante a atividade, foram apresentadas características das abelhas nativas sem ferrão e os participantes puderam conhecer a estrutura de colmeias da espécie Jataí. A visita ao meliponário do Sítio Volpato, que surgiu a partir de um projeto de valorização da sociobiodiversidade nativa desenvolvido pelo CETAP em parceria com a SEMA/RS e com o apoio da RGE, proporcionou uma experiência prática aos participantes da oficina.
Além de observar os enxames, os participantes também aprenderam sobre as condições ideais para a multiplicação das colmeias e confeccionaram iscas para atrair novas abelhas para seus próprios meliponários. A iniciativa visa fortalecer a criação de abelhas nativas na região, contribuindo para a conservação da biodiversidade e a produção de alimentos saudáveis.
Com o tema “Valorizando a Biodiversidade, Alimentando a Vida” aconteceu O 12º Encontro Estadual da Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas do RS (CPSFN), nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, em Passo Fundo/RS. Foi oportunidade de celebrar a caminhada e discutir sobre produção, processamento e comercialização, propondo estratégias de valorização da sociobiodiversidade nativa.
A atividade reuniu agricultores que atuam na produção de frutas nativas e no extrativismo de outros produtos da sociobiodiversidade nativa, integrantes das equipes de entidades de assessoria, como o CETAP, Arede e o Centro Ecológico, além de responsáveis por empreendimentos de processamento, logística e comercialização dos produtos. Também acompanharam o encontro representantes da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura – SEMA/RS e da RGE, empresa do segmento de energia elétrica que desenvolve um projeto de parceria com a CPSFN.
Uma estratégia contemporânea para a conservação da biodiversidade
Joana Bassi, Analista Ambiental da Divisão de Flora da SEMA/RS, destacou que a Secretaria entende o trabalho da Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas como uma das estratégias mais importantes e contemporâneas para a conservação da biodiversidade. “Essa iniciativa, que existe desde 2010, tem sido fundamental para construir uma base social sólida no Rio Grande do Sul e impulsionar políticas voltadas para a conservação pelo uso”, disse Joana.
A parceria entre a SEMA/RS e a CPSFN teve início com a construção de uma estratégia para regularizar as agroflorestas. Desde então, essa parceria tem sido fortalecida, resultando em avanços como a certificação agroflorestal extrativista e a inserção da conservação pelo uso nas políticas nacionais e territoriais.
Alvir Longhi, da equipe técnica do CETAP e integrante da Coordenação da CPSFN, avaliou que o 12º Encontro da Cadeia demonstra a força e a longevidade desse movimento. “A cada ano, atores e atrizes de todos os segmentos se reúnem para discutir e planejar as ações futuras, reafirmando compromissos e princípios como o fortalecimento das unidades comunitárias, a gestão participativa dos empreendimentos e a intensificação da comercialização. Os resultados ao longo desses 12 anos demonstram que a Cadeia tem sido eficaz em fortalecer a produção e a comercialização de produtos da sociobiodiversidade, contribuindo para a conservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico da região”, concluiu.
O 3º Encontro sobre Abelhas Nativas Sem Ferrão na Região Alto Uruguai do RS acontece no dia 30 de novembro, no Auditório do Bloco B da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Erechim. O evento, que tem como objetivo promover a troca de experiências e o aprimoramento das técnicas de criação de abelhas nativas, reunirá meliponicultores, pesquisadores, estudantes e técnicos da área.
A programação contará com palestras sobre boas práticas na produção de mel, empreendedorismo na meliponicultura, agroindústria e legalização do processamento. Além disso, serão realizadas oficinas e rodas de conversa sobre diversos temas relacionados às abelhas nativas.
Um dia dedicado às abelhas
O encontro terá início às 8h, com o credenciamento dos participantes. Ao longo do dia, assessores convidados abordarão temas como a produção de mel, as oportunidades de negócios no setor e os aspectos legais envolvidos na comercialização de produtos derivados da meliponicultura.
No período da tarde serão realizadas oficinas e rodas de conversa abordando temas relacionados ao manejo e multiplicação das abelhas nativas e sobre processamento e utilização do mel para a saúde e também como fonte de renda. Serão oferecidas oficinas para o público que está interessado no tema e iniciando a criação das abelhas nativas e também para quem já tem experiência no manejo e busca trocar experiências e aprimorar técnicas.
Para encerrar o evento, será servido um coquetel com produtos da biodiversidade nativa, uma oportunidade para os participantes degustarem alimentos produzidos a partir das frutas nativas do Rio Grande do Sul.
Inscrições e informações
As inscrições podem ser feitas até o dia 24/11, de forma online, preenchendo o formulário AQUI.
A taxa de inscrição é de R$ 20,00 e inclui o almoço no Restaurante da UFFS. Há também a opção de participar somente do evento, sem o almoço, por R$ 5,00.
Maiores informações e escolha da oficina da tarde pelos telefones/WhatsApp: (54) 98405-1229, com Vitor e (54) 99640-6514, com Edson.
Sobre as abelhas nativas sem ferrão
As abelhas nativas sem ferrão são polinizadores essenciais para a agricultura e a conservação da biodiversidade nativa. No entanto, muitas espécies estão ameaçadas de extinção devido à perda de habitat e ao uso de agrotóxicos. O cultivo dessas abelhas contribui para a preservação do meio ambiente e para a produção de alimentos de alta qualidade nutricional.
Em um encontro realizado no dia 22 de outubro, no Sítio Renascer, em Caseiros/RS, um grupo diverso de pessoas aprendeu a construir iscas para capturar abelhas nativas sem ferrão. A iniciativa, promovida em parceria pelo CETAP e o sítio, reuniu agricultoras e agricultores da região, integrantes da APAE de Muliterno/RS e do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Caseiros, com o objetivo de promover a conservação da biodiversidade e incentivar a criação de abelhas nativas.
O grupo de aproximadamente 30 pessoas se reuniu em um jabuticabal, onde a equipe técnica do CETAP conduziu a oficina, abordando a importância das abelhas nativas para a sociobiodiversidade local e ensinando técnicas para confecção das iscas utilizando materiais simples e de fácil acesso. Após a construção, as iscas foram instaladas em árvores da mata, onde serão monitoradas para verificar a aproximação de enxames.
Além de promover a conservação ambiental, a atividade também busca incentivar a criação de meliponários na região. O Sítio Renascer integra o projeto de restauração de nascentes em parceria com o CETAP, SEMA e RGE, tendo previsto na proposta que está sendo executada, aliar a criação de abelhas nativas com a conservação da sociobiodiversidade
Nos dias 10 e 11 de outubro aconteceu, na Comunidade Rural Conceição, no município de Pinhal da Serra/RS, região dos Campos de Cima da Serra, a Oficina de Cosmética Artesanal direcionada às mulheres da Associação Sementes da Esperança, que também vem trabalhando com extrativismo e compõem a Cadeia Produtiva Solidaria das Frutas Nativas (CPSFN).
A associação sempre busca novas possibilidades para agregar na gama de produtos feitos pelas mulheres. O artesanato sempre foi presente e os cosméticos fazem parte do dia a dia das agricultoras, e aprender como faze-los de forma natural, dialoga com a proposta do grupo de trabalhar com as espécies nativas, além de trazer mais autonomia e ampliar o uso de produtos que estão disponíveis na comunidade, como sebo, polpa de butiá e folhas de guamirim.
Valorização e novos usos das espécies nativas
O objetivo da oficina, conduzida por Fernanda Rosa, empreendedora do ramo com a marca Mandinga Pura e também integrante da CPSFN, foi compartilhar técnicas de produção de sabonetes e cremes elaborados com produtos naturais, dando ênfase para produtos da biodiversidade nativa da região. Com a intenção de experenciar novos usos e valorizar as espécies nativas, as mulheres produziram sabonetes com a polpa do butiá e creme com hidrolato de guamirim, produtos nativos abundantes na região dos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul.
O butiá é uma das frutas que o grupo de mulheres extrativistas coleta anualmente para consumo, processamento da polpa e venda, inclusive na feira local de Pinhal da Serra. O grupo conta com acompanhamento técnico do CETAP e integra as dinâmicas de comercialização da CPSFN. A Oficina de Cosmética Artesanal reuniu 15 mulheres agricultoras e foi organizada pelo CETAP, a Associação Sementes da Esperança, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e o empreendimento Mandinga Pura, contando com o apoio do projeto do CETAP em parceria com a Fundação Banco do Brasil. Ficou encaminhado que a parceria será aprofundada num reencontro durante o Encontro Estadual da CPSFN, que ocorre no final deste ano, em Passo Fundo/RS.
Estudantes do 3º Ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Médio São Paulo de Tarso, em Pinhal da Serra, região dos Campos de Cima da Serra do RS, participaram de uma palestra sobre “Restauração Ecológica, associada à Conservação e Uso da Água e da Sociobiodiversidade”. A atividade foi no dia 10 de outubro, no turno da noite e foi conduzida pela equipe técnica do CETAP.
Os alunos do Ensino Médio vêm desenvolvendo um material sobre a importância de técnicas de restauração ambiental, e o encontro teve por objetivo compartilhar com os estudantes as ações desenvolvidas pelo CETAP no município, especialmente aquelas direcionadas ao extrativismo sustentável de frutas nativas e a restauração de áreas de nascentes.
Foi abordado o conceito de recuperação ambiental e as técnicas desenvolvidas com as famílias, como reflorestamento com espécies nativas, cercamento, roçada seletiva, regeneração natural, ilhas de fertilidade, entre outras. Durante a atividade os estudantes puderam tirar dúvidas e compartilhar informações sobre a situação ambiental no município.
No dia 8 de outubro, agricultoras e agricultores da Estação Três Arroios da Ecoterra, integrante do Circuito de Comercialização de Alimentos Agroecológicos, participaram de uma reunião com a coordenação do projeto de parceria entre a Ecoterra e a Fundação Banco do Brasil (FBB). O objetivo do encontro foi reforçar o compromisso com a ampliação da produção e a melhoria da circulação de alimentos agroecológicos, especialmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.
A reunião iniciou com a fala de Reinaldo Rodrigues, da equipe responsável pelo monitoramento de projetos apoiados pela FBB. Reinaldo destacou o papel da Fundação no incentivo à produção agroecológica e no fortalecimento da agricultura familiar, relembrando uma visita anterior ao local, realizada durante o monitoramento do projeto Ecoforte. Ele enfatizou o potencial produtivo da região e a importância de iniciativas como essa para o desenvolvimento local.
A direção da Ecoterra, que tem sua sede em Três Arroios/RS, também abordou o impacto positivo da parceria, ressaltando que os recursos irão fortalecer a cadeia produtiva e a logística de comercialização. O coordenador do Projeto Circuito de Produtos Agroecológicos do Brasil, membro da equipe técnica do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP), destacou a importância de valorizar a agroecologia, que responde à crescente demanda por alimentos saudáveis e se configura como um modelo sustentável, com um papel essencial na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Diagnóstico inicial sobre a produção e comercialização de alimentos
Durante o encontro, foram aplicados questionários de marco zero, que permitirão fazer um diagnóstico com dados das famílias beneficiárias sobre fontes de renda, participação em organizações sociais e acesso à assistência técnica. As informações coletadas incluem o sistema de produção das propriedades, os tipos de culturas cultivadas e as quantidades destinadas à venda e ao consumo próprio. Além das entrevistas com as famílias, estão sendo coletados dados sobre a estrutura das Estações da Ecoterra. O levantamento incluiu detalhes como localização, número de famílias e pessoas integrantes, infraestrutura para produção, processamento, armazenamento e logística de transporte, além da lista de produtos produzidos e comercializados via o circuito agroecológico nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
A Feira acontece de 07 a 10 de novembro de 2024 e traz como novidade o lançamento de saboaria e cosméticos a partir das espécies e frutas nativas do RS
Consolidada como a maior feira de economia solidária do norte gaúcho, a 21ª edição da Fresol – Feira de Economia Popular Solidária, foi lançada à imprensa no dia 30 de setembro, em parceria com o Hub Aliança Empresarial. O encontro reuniu organizadores, parceiros, imprensa e convidados.
Além da tradicional Mostra da Biodiversidade, o evento agrega, novamente, a 2ª Edição da Feira de Economia Criativa – integrando valores econômicos com valores culturais. Neste ano a Fresol terá um incremento de 20% no número de expositores, chegando a 120 empreendedores.
Evento sustentável, a Fresol terá como tema “A Economia Solidária como Estratégia de Reconstrução e Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande Do Sul”. O coordenador da Feira e do Fórum Estadual da Economia Solidária, Ademar Marques, salientou a importância da temática “reconstrução”, já que a Feira vai oportunizar a participação de 40 empreendimentos que foram afetados com as enchentes das regiões do Vale dos Sinos, Metropolitana e Porto Alegre.
“A Fresol, além do escopo tradicional, vem com muitas novidades, como o lançamento de produtos à base das frutas nativas, a arena da sustentabilidade e rodadas de negócios. Porém, este ano, ela chega com uma missão maior, contribuir com a retomada do processo produtivo e de comercialização de 40 empreendimentos que sofreram perdas com as enchentes no estado”, informou.
A Feira, enquanto espaço estratégico de economia solidária, vai apoiar os expositores na retomada de seus negócios e na reconstrução e desenvolvimento sustentável do Estado.
Marques também destacou o Desfile de Moda Criativa e Sustentável, evento que abre oficialmente a Feira. “Este ano, a coleção está sendo desenvolvida pela estilista Andrea Madke, numa parceria com o Hub Aliança Empresarial”, explicou. As peças serão confeccionadas com algodão agroecológico produzido pela Justa Trama, empreendimento da economia solidária com sede em Porto Alegre.
O coordenador do Cetap – Centro de Tecnologias Alternativas Populares, Edson Klein, comentou a importância da Fresol no incremento da economia solidária, destacando a agroecologia e os produtos desenvolvidos, através da cadeia das frutas nativas que terão seu lançamento na feira.
Nos quatro dias do evento, a Fresol vai proporcionar experiências únicas aos visitantes. Os expositores estarão mostrando e comercializando produtos agroecológicos e orgânicos, artesanato e arte sustentável, lançamento de linha de saboaria e cosméticos à base de frutas nativas, biotecnologia, fitoterápicos e fitogenéricos, moda criativa, espaço gourmet com gastronomia raiz, espaço arena da sustentabilidade, exposição de plantas bioativas e rodadas de negócios.
A Fresol acontece de 7 a 10 de novembro, no horário das 10h às 22h de quinta-feira à sábado e das 10h às 21h no domingo, no Bourbon Shopping, em Passo Fundo/RS.
Serviço: Feira de Economia Popular Solidária – FRESOL Feira da Economia Criativa – FEC Data: 7 a 10 de novembro de 2024 Horário: das 10h às 22h de quinta-feira à sábado e das 10h às 21h no domingo Local: Bourbon Shopping em Passo Fundo/RS