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Estudantes da Unila visitam o Cetap para conhecer trabalho com agroecologia

A sede do CETAP, em Passo Fundo, recebeu a visita de um grupo de 15 estudantes do curso de graduação em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), no dia 10 de dezembro de 2024. Acompanhados pelo coordenador do curso, professor Dirceu Basso, os alunos, provenientes de diferentes países da América Latina e do Caribe, conheceram as iniciativas e os desafios da agroecologia na região.

O grupo, composto por jovens do Brasil, Paraguai, Peru, Colômbia, Haiti e Honduras, incluiu o CETAP em sua agenda de Visitas Curriculares realizadas no Sul do Brasil. A iniciativa teve como objetivo aprofundar o conhecimento sobre o histórico e as ações desenvolvidas pela instituição, que é referência na promoção da agroecologia.

Os estudantes foram recebidos por Edson Klein, coordenador executivo do CETAP, que fez uma apresentação destacando os marcos históricos, os principais públicos atendidos e as áreas de atuação da organização. Durante o encontro, houve uma troca de ideias sobre os desafios enfrentados pela agroecologia no Brasil e as demandas específicas para profissionais de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) na promoção desse modelo de produção.

“Tenho o Cetap como uma referência de organização de apoio aos movimentos sociais rurais e à promoção da agroecologia na metade norte do Rio Grande do Sul”, destacou o professor Dirceu Basso, coordenador do curso de graduação em Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar da Unila, sediada em Foz do Iguaçu/PR.


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Circuito de Alimentos Agroecológicos realiza reunião para avaliação e planejamento

Nos dias 4 e 5 de dezembro de 2024, na Estação Três Arroios da ECOTERRA, foi realizada uma reunião do Circuito de Alimentos Agroecológicos, que reuniu 14 agricultoras e agricultores representantes das estações que integram a ECOTERRA.

O evento teve como principal objetivo avaliar as atividades realizadas em 2024 e fazer o planejamento para 2025, a partir das ações do Projeto Circuito de Produtos Agroecológicos do Brasil, uma parceria entre a Associação Regional de Cooperação e Agroecologia (ECOTERRA) e a Fundação Banco do Brasil (FBB).

Durante o encontro, cada estação apresentou um panorama das ações desenvolvidas ao longo do ano, destacando avanços e dificuldades, além de projeções para o próximo período. Após as apresentações, o grupo debateu os principais entraves e dificuldades no trabalho realizado ao longo deste ano e possibilidades de melhorias. Entre os pontos discutidos e acordados no encontro estiveram encaminhamentos sobre o andamento das atividades na Estação Curitiba-PR e ajustes nas rotas de circulação, armazenamento e entrega de produtos.

Além disso, foram definidas ações de incidência política a serem implementadas em 2025 e discutido o planejamento da produção de alimentos em todas as estações do Circuito para o próximo ano. Também ficaram marcadas as duas próximas atividades envolvendo o coletivo das estações: uma reunião em 17 de janeiro de 2025, na Estação São Marcos/RS, e um encontro de divulgação das ações realizadas no projeto de parceria com a FBB, programado para 21 de fevereiro de 2025, novamente na sede da ECOTERRA, na Estação Três Arroios/RS.

Sobre o Circuito de Alimentos Agroecológicos

O Circuito de Alimentos Agroecológicos do Brasil é uma iniciativa que busca fortalecer a produção e comercialização de alimentos orgânicos, produzidos de forma agroecológica, promovendo a agricultura familiar e a sustentabilidade.

A parceria entre a ECOTERRA e a FBB tem sido importante para a ampliação da produção e do acesso a estes alimentos, envolvendo diferentes estações de produção e comercialização de produtos nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP) é a organização responsável pelo acompanhamento técnico na produção dos alimentos e contribui na coordenação do projeto de parceria.


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Relatório de Indicadores Agroecológicos 2023/2024: um panorama da agroecologia na América Latina

O projeto Agroecologia na América Latina: Construindo Caminhos anuncia a publicação de seu mais recente Relatório de Indicadores Agroecológicos, com dados coletados entre julho de 2023 e junho de 2024. Esta é a quarta edição do relatório, elaborado de forma colaborativa por 10 organizações sociais de sete países latino-americanos, em parceria com a Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) e 313 famílias agricultoras.

A publicação traz uma análise abrangente de 11 indicadores agroecológicos, cobrindo aspectos sociais, econômicos e ambientais da agricultura agroecológica. Os dados, coletados em colaboração com agricultores e agricultoras a partir de cadernos de campo e ferramentas digitais como o LiteFarm e o SurveyStack, foram sistematizados para oferecer uma visão abrangente da realidade da agricultura agroecológica no Brasil, Paraguai, Equador, Colômbia, Guatemala, El Salvador e México.

O relatório aborda temas como agrobiodiversidade, adoção de práticas agroecológicas, sustentabilidade econômica, formas de comercialização e relação com consumidores. Também explora questões de gênero e geração, além de refletir sobre os desafios e soluções para promover a permanência da juventude no campo e fortalecer os mercados agroecológicos.

Com essa iniciativa, buscamos contribuir com a construção de conhecimento agroecológico e incidir na formulação de políticas públicas e projetos que promovam as transições agroecológicas e apoiem agricultores/as familiares na gestão de suas unidades agrícolas a partir de informações claras, consistentes e evidenciadas.

O relatório está disponível para download em portuguêsespanhol e inglês.

A pesquisa-ação Agroecologia na América Latina: Construindo Caminhos tem o apoio da Fundação Interamericana (IAF) e da Universidade da Colúmbia Britânica e é desenvolvida coletivamente pelas seguintes organizações: CepagroCETAP e Movimento Mecenas da Vida – MMV (Brasil), Corporación Buen Ambiente – Corambiente (Colômbia), Fundesyram (El Salvador), Movimiento de Economía Social y Solidaria del Ecuador – meSSe (Equador), Asociación de Productores Orgánicos – APRO (Paraguai), Asociación Vivamos Mejor (Guatemala), Centro Campesino para el Desarrollo Sustentable, A.C. e Tijtoca Nemiliztli, A.C. (México).

Fonte: Cepagro


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Plenária do Núcleo Planalto da Rede Ecovida debate sistemas regenerativos

Cerca de 75 agricultoras e agricultores da Rede Ecovida de Agroecologia se reuniram no Santuário Nossa Senhora Aparecida, em Passo Fundo/RS, no dia 1º de dezembro de 2024, para a segunda Plenária do Núcleo Planalto em 2024. O evento, que contou com a participação da equipe técnica do CETAP, foi marcado por atividades de formação, organização interna e troca de experiências.

Com o tema “Sistemas Regenerativos na Prática”, a bióloga e agrofloresteira Mirian Fabiane Dickel apresentou os benefícios da adoção de práticas que promovem a saúde do solo, a biodiversidade e a resiliência dos sistemas produtivos, especialmente diante das mudanças climáticas. A partir de uma retrospectiva de como se organizavam e ainda se organizam algumas sociedades da América Latina, em relação ao cultivo da terra, a palestrante abordou princípios e técnicas que podem ser aplicadas nas propriedades das famílias agricultoras.

Na sequência, os participantes realizaram uma visita à horta do santuário, onde puderam observar na prática os conceitos discutidos e identificar oportunidades de melhoria. Um experimento com água oxigenada, a partir da coleta de amostras de solo em três pontos da horta, demonstrou a importância da cobertura do solo para a vida microbiana, fundamental para a fertilidade e a saúde do ecossistema.

O almoço, preparado com alimentos orgânicos, locais e sazonais pelo Coletivo Flor de Pitanga, de Itatiba do Sul/RS, foi um momento de confraternização e valorização da produção agroecológica. A tradicional Feira do Núcleo, realizada após o almoço, proporcionou aos participantes a oportunidade de conhecer os produtos dos demais integrantes da rede, além de trocar sementes e bioinsumos. No turno da tarde, foram discutidas questões organizacionais do núcleo, como o cronograma das visitas da comissão de olhar externo para 2025, que garantem a certificação orgânica para as famílias agricultoras na região.


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3º Encontro sobre Abelhas Nativas Sem Ferrão na Região Alto Uruguai do RS

Dando sequência aos encontros regionais sobre abelhas nativas, já tradicionais na Região Alto Uruguai gaúcha, no dia 30 de novembro, estiveram reunidos na Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Campus Erechim, em torno de 100 pessoas, entre meliponicultores da região, pesquisadores, estudantes e técnicos da área.

O encontro buscou promover a troca de experiências e o aprimoramento de técnicas de manejo de abelhas nativas, reunindo criadores de abelhas que estão iniciando na meliponicultura e também pessoas com grande experiência no manejo e na viabilização econômica desta atividade. Além de dar grande destaque para o diálogo sobre boas práticas no manejo das colmeias e produção de mel, este encontro também apresentou possibilidades de melhorar a viabilidade econômica, com diferentes experiências de empreendedorismo na meliponicultura, agroindústria e legalização do processamento.

O encontro teve três painéis temáticos. O 1º Painel foi conduzido por Marlon Tiago Hladczud, com o tema: “Boas práticas na produção, colheita, armazenamento e comércio dos meles de ANSF”. Marlon é Técnico em Agropecuária e reside em Prudentópolis/PR, também é Técnico em Meio Ambiente, extensionista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR PR), apicultor e meliponicultor com mais de 20 anos de experiência.

Marlon comentou que no mundo existem em torno de 20.000 espécies de abelhas, sendo que aproximadamente 800 são sociais e mais de 400 delas estão no Brasil. “Apenas uma delas possui ferrão, as outras são todas conhecidas como abelhas nativas ou indígenas, com fácil manejo e mel muito valorizado. Abelhas produzem mel, pólen, própolis, geleia real entre outros derivados e o principal produto delas é a polinização. A criação de abelhas não ocupa muito espaço de terra para ser implantada, além de poder ser consorciada com diversas culturas, trazendo melhorias na produção onde elas estão presentes. Além disso, a presença de abelhas é extremamente importante, pois 80% da vegetação do planeta depende de abelhas para se reproduzirem”, destacou Marlon.

Também foi ressaltado que o mel é um produto nobre e oneroso para as abelhas, então quem cria abelhas deve ter os cuidados necessários para potencializar a colheita, evitar contaminações para manter a alta qualidade deste produto e não desperdiçar, já que os volumes são muitas vezes pequenos, proporcionais ao tamanho das abelhas nativas. Outro aspecto abordado foi o envase, a apresentação das embalagens, o armazenamento e alguns processos de maturação e pasteurização, visando a comercialização e o transporte para locais mais distantes.

O 2º Painel foi conduzido por Thiandra Sangaletti, com o tema “Empreendedorismo na meliponicultora”. Thiandra é Bióloga, pós graduada em Biologia da Conservação da Natureza, com formação em meliponicultura profissional e produz cosméticos naturais e produtos de cuidado com a saúde, sendo proprietária do Meliponário Rainha do Sul.

Em sua apresentação, Thiandra comentou que a meliponicultura é uma atividade terapêutica, saudável e sustentável. Mas, além de ser uma atividade prazerosa e, muitas vezes, estar mais ligada a um hobby, ela pode vir a se tornar uma atividade rentável, transformando-se em uma fonte de renda para o meliponicultor. Ela apresentou diferentes possibilidades de prestação de serviço, produção e comercialização de produtos ligados à meliponicultura.

Alguns dos aspectos importantes do empreendedorismo que foram abordados foram a visão de negócio e inovação no seu segmento, também a importância do planejamento estratégico e de uma gestão eficiente, além da capacitação em marketing e elaboração de estratégias de vendas, sempre mantendo a resiliência e a capacidade de adaptação.

O 3º Painel contou com a apresentação de Carlos Angonese, com o tema “Agroindústria e legalização do processamento”. Carlos é Extensionista da Emater/RS e atua há muitos anos na assessoria para projetos de instalação de unidades de produção de famílias rurais, grupos e municípios. Ele destacou o grande crescimento desta atividade nos últimos anos, fazendo com que a meliponicultora ganhe mais visibilidade na produção de mel.

Angonese falou sobre boas práticas e procedimentos no manejo e colheita, necessários para manter as características originais do mel. Instalações com condições de garantir a qualidade sanitária do produto, com paredes, pisos, tetos, equipamentos e secções exigidas, que facilitem a higienização do ambiente, considerando a recepção, manipulação, envase e expedição. Foram abordados também equipamentos, ferramentas e vestimentas adequadas, além de informações sobre os serviços de inspeção e certificações municipais, estaduais e federal (SIM, SIE e SIF).

Na sequência, os participantes do encontro se dividiram em três grupos. O primeiro realizou uma roda de conversa sobre pasto apícola, aprofundando formas de alimentação complementar para os enxames e trocando experiências sobre o manejo de ANSF.

Os outros dois grupos participaram de oficinas. Uma sobre saboaria artesanal e produção de produtos como cosméticos naturais e de cuidados com a saúde com a utilização de insumos das colmeias (cerúmen, mel, pólen e própolis). E outra oficina que realizou a transferência de um enxame de uma isca para uma caixa racional e também a multiplicação, quando os discos de cria maduros são divididos em duas caixas para ampliar o número de enxames.

O encerramento da atividade foi com um coquetel preparado pelo empreendimento urbano Encontro de Sabores, de Passo Fundo/RS, que integra a Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas. Foram preparados diferentes pratos com produtos da biodiversidade nativa gaúcha, como pastel de frango com butiá, croquete, pão e bolacha de pinhão, geleias com mel de abelha jataí, pesto de pinhão, e outros produtos com polpas de frutas nativas, além de suco de butiá e de jabuticaba. Esta atividade contou com o apoio de um projeto de parceria entre o CETAP, a SEMA/RS e a empresa RGE.

As apresentações dos painéis temáticos foram transmitidas ao vivo e estão disponíveis no Canal do Youtube do Cetapyoutube.com/cetapagroecologia.


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Encontro no Paraguai reúne organizações latino-americanas para debater evidências científicas sobre a Agroecologia

Representantes de 12 organizações de nove países discutem avanços e desafios da agroecologia no continente e reforçam compromisso com a pesquisa participativa e a construção de evidências sobre os sistemas agroecológicos.

Entre os dias 26 e 30 de outubro, o Paraguai recebeu o terceiro encontro presencial do projeto Agroecologia na América Latina: Construindo Caminhos”, reunindo representantes de 12 organizações sociais do Brasil, Paraguai, Equador, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Canadá e Estados Unidos da América. O projeto, que começou em 2020, visa gerar evidências sobre a agroecologia por meio de uma pesquisa-ação participativa que já envolveu mais de 320 famílias agricultoras em sete países. Um dos momentos mais importantes do encontro foi a análise e revisão do terceiro relatório do projeto, elaborado com base em dados coletados entre julho de 2023 e junho de 2024.

Durante o debate, as organizações participantes trocaram percepções sobre os insights e desafios apontados pelo relatório, que acaba de ser publicado. Entre os temas discutidos, destacou-se a questão da permanência da juventude no campo, considerando que o êxodo rural é uma problemática recorrente em todos os países envolvidos. O relatório revela, por exemplo, que o grau de autonomia financeira dos/as jovens influencia diretamente o seu interesse em continuar na agroecologia e permanecer no território. Informações como esta ajudam as organizações a desenvolver estratégias de atuação com esse público, já que a sucessão rural é um dos pilares da sustentabilidade da agroecologia.

“A importância de contribuir para a construção da autonomia financeira dos jovens rurais, que permita que o desejo de permanecer no território continue crescendo, é, sem dúvida, uma das conclusões mais relevantes para nós. Já dedicamos muitos anos a nos preocupar com esse tema, que é uma preocupação comum em toda a América Latina. O campo está envelhecendo por diversas razões, e reconhecer que existe uma possibilidade real de bem-estar para os jovens, que lhes ofereça um futuro viável, é certamente um primeiro indicador e uma conclusão muito significativa”, afirma Ricardo Eslava, integrante da equipe diretiva da Corporación Buen Ambiente (Corambiente), na Colômbia.

A Corambiente, assim como as demais organizações participantes, tem promovido ativamente a participação de jovens camponeses e camponesas na execução da pesquisa-ação. Esses/as jovens desempenham um papel fundamental, contribuindo para a coleta de informações em colaboração com suas famílias e comunidades. No Equador, a mesma abordagem é adotada pelo Movimiento de Economía Social y Solidaria del Ecuador (meSSe), como destaca Rosa Murillo: “Envolvemos bastante os jovens das famílias justamente para demonstrar que um jovem, na realidade, não sai do campo para a cidade porque quer, mas porque o sistema o expulsa e não permite que jovens que desejam ficar no campo vivam dignamente. Com essas informações, queremos justamente tornar visível que, talvez, com políticas adequadas às realidades, um jovem ou uma família com filhos possa permanecer no campo”.

Outro indicador relevante, tanto para as organizações quanto para as famílias agricultoras, é o de agrobiodiversidade. “Basicamente, o que descobrimos por meio desses relatórios, baseados nos primeiros anos de experiência no projeto, é que muitas famílias não percebiam a riqueza da diversidade que possuíam em suas unidades de produção”, comenta Walter Santillana, técnico da Fundesyram, de El Salvador. No caso de algumas famílias salvadorenhas participantes da pesquisa-ação, os registros realizados por elas próprias revelaram que espécies nativas como a cúrcuma e o gengibre estavam sendo subutilizadas. “Muitos produtores tinham esses cultivos em suas parcelas, mas só tomaram consciência disso quando registraram. […] Agora, com esse conhecimento, estão abrindo novos espaços de comercialização para outros cultivos”, acrescenta Walter.

As organizações destacaram também a importância de acompanhar a adoção de práticas agroecológicas ao longo do tempo e avaliar como elas impactam a produção, bem como mensurar a viabilidade financeira da agroecologia, um dado fundamental para fortalecer o diálogo com famílias agricultoras que ainda permanecem no sistema de produção convencional. Essas informações são essenciais para incentivar essas famílias a iniciarem uma transição para a agroecologia, bem como gerar confiança nas famílias que estão em processo de transição.

Por fim, destacou-se a importância e o desafio de mensurar os serviços ecossistêmicos gerados por propriedades agroecológicas, como o sequestro de carbono, a ciclagem de nutrientes, a preservação da biodiversidade, entre outros. Esses indicadores representam um argumento poderoso para o Movimento Agroecológico, evidenciando que os sistemas agroecológicos de produção vão além da simples mudança de insumos para cultivar alimentos saudáveis, promovendo benefícios ambientais e sociais integrados.

A tecnologia como aliada da agroecologia

Outro debate levantado no encontro, que vem sendo pautado pelo projeto, é sobre a cultura do registro na agricultura familiar agroecológica. Em geral, agricultores e agricultoras familiares não têm o hábito de registrar suas atividades de forma escrita e compartilhável. Este cenário torna ainda mais desafiadora a tarefa de medir a produção agroecológica, por exemplo, que é um dos indicadores elencados na pesquisa-ação. Por outro lado, a própria pesquisa-ação tem instigado este hábito nas famílias participantes, com a ajuda do aplicativo LiteFarm.

O aplicativo, voltado para a gestão das unidades agrícolas, está sendo co-desenvolvido pelo Comitê Gestor do projeto e tem demonstrado como a tecnologia pode ser uma aliada na promoção da agroecologia. Com o apoio das organizações, cada agricultor/a cria uma conta no LiteFarm, registra o mapa de sua propriedade e, a partir disso, começa a inserir dados sobre plantio e semeadura, aplicação de insumos, rotinas de trabalho, colheitas, entre outras informações.

Segundo Humberto Morales Fuentes, do Centro Campesino para el Desarrollo Sustentable, do México, essa tem sido um experiência muito interessante “porque o produtor, que antes não conseguia sistematizar ou organizar suas atividades, aprendeu com a plataforma a manter ordem em suas tarefas. O simples fato de o produtor ver sua parcela no mapa digital, faz com que ele se sinta incluído nesse mundo, o mundo digital. Isso, então, gera uma melhora na autoestima dele. Além disso, a plataforma trouxe benefícios, como ajudá-lo a organizar seus gastos e entender melhor quanto ele ganha com a venda de suas colheitas. Também o ensina a calcular quanto tempo sua família investe trabalhando na unidade produtiva, incluindo o tempo que filhos, netos ou sobrinhos dedicam ao trabalho na parcela – algo que ele antes não sabia”.

Política e Governança de Dados

Outro momento importante do encontro foi a oficina sobre Política e Governança de Dados, ministrada pela Professora da Universidade da Colúmbia Britânica, Dra. Hannah Wittman, que vem coordenando a pesquisa-ação junto ao Comitê Gestor. A oficina abordou os desafios técnicos relacionados à gestão de dados, incluindo questões éticas sobre a coleta, uso e compartilhamento das informações. Durante a atividade, as organizações que ainda não possuíam uma política de governança de dados puderam começar a elaborá-la, além de trocar percepções e experiências sobre o tema.

Solo, a base da Agroecologia

Para além da pesquisa participativa, a iniciativa “Construindo Caminhos” é também um projeto de ação, com atividades de apoio, assistência técnica e formação para famílias agricultoras. Um tema central, que tem sido amplamente trabalhado no último ano pelo Comitê Gestor do projeto, é a saúde do solo. Por isso, uma das últimas atividades do encontro foi a realização de uma oficina dedicada a esse tema.

A oficina partiu de um diagnóstico sobre a qualidade do solo nas propriedades agroecológicas mapeadas pelo projeto, feito em colaboração com as famílias participantes, a partir do qual foram identificados erros, acertos e problemas relacionados ao manejo do solo. Entre os problemas encontrados, destacaram-se a acidez, a compactação, a falta de água, a contaminação e o histórico de uso intensivo do solo sem o manejo adequado.

Em seguida, as organizações traçaram estratégias coletivas a serem desenvolvidas nos territórios, em parceria com os agricultores/as, para garantir solos mais férteis e resilientes no contexto latino-americano. Entre as estratégias apontadas pelo grupo, destacaram-se a promoção de práticas agroecológicas, a criação de programas de formação técnica para os/as agricultores/as, a construção de alianças com a academia e a incidência em  políticas públicas de fomento. Além disso, enfatizou-se a importância de conscientizar cada vez mais os agricultores e agricultoras sobre o estudo do solo e, respeitando o conhecimento que estes têm, ajudá-los a identificar as causas de seus problemas e como podem resolvê-los.

Rede Latino-americana de Agroecologia

A escolha do Paraguai como país-sede do 3º encontro do projeto “Agroecologia na América Latina: Construindo Caminhos” se deu, sobretudo, pelo fato de que, entre 23 e 25 de outubro, o país também foi palco do X Congresso Latinoamericano de Agroecologia. O Comitê Gestor do projeto participou coletivamente do evento, apresentando trabalhos acadêmicos, relatos de experiência e realizando oficinas temáticas. Além disso, os encontros presenciais representam sempre uma oportunidade de conhecer o trabalho de uma das organizações do Comitê Gestor. Desta vez, a anfitriã foi a Asociación de Productores Orgánicos (APRO).

A APRO foi constituída em 1999 com o objetivo de buscar canais de comercialização propícios para seus associados, que atualmente somam mais de 300 produtores e produtoras orgânicas. Sócio-fundador da APRO, Genaro Ferreira Piris, explica que a associação decidiu incorporar-se no projeto “Construindo Caminhos” porque queria “provar e demonstrar que a agroecologia é rentável. Ou seja, com a agroecologia, não se ganha apenas de forma econômica, mas também no aspecto ambiental, social e cultural […] Somente demonstrando de forma quantitativa e qualitativa para as autoridades, elas se interessam, porque aqui no Paraguai precisamos fomentar mais a agroecologia. Por isso, nos interessa ter esses resultados, para demonstrar que com todo esse trabalho que está sendo feito há ganhos, ou seja, o bem viver”.

Genaro avaliou o encontro como “um momento muito propício para aprender juntos, compartilhar nossas experiências e enriquecer este grupo. Já somos praticamente uma grande família latino-americana e o nome que leva – construindo caminhos – acredito que é muito adequado e oportuno. Estamos muito felizes por sermos um país receptor”.

Ao final dos cinco dias, o encontro reforçou o compromisso das organizações com a pesquisa participativa e a construção de caminhos para um futuro mais sustentável e inclusivo para as comunidades agroecológicas. “Nossa metodologia partiu da ação e não da pesquisa. Partimos da necessidade que tínhamos como organizações de base, como famílias camponesas e agroecológicas, porque, no momento em que nos perguntavam se a agricultura é viável ou não, não tínhamos nada para mostrar. E agora somos parte de uma mesa nacional de indicadores com outros atores, onde apresentamos a metodologia, que é participativa e que construímos participativamente os indicadores. Colocamos esse tema em discussão nas reuniões que temos com outros atores para ver se isso impacta as políticas públicas e o que talvez seja mais valorizado é o fato de termos feito isso”, avalia Rosa Murillo (meSSe).

O Comitê Gestor do projeto Agroecologia na América Latina: Construindo Caminhos é composto por Asociación de Productores Orgánicos (APRO)Asociación Vivamos Mejor, Centro Campesino para el Desarrollo Sustentable, A.C., Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro)Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP)Corporación Buen Ambiente (Corambiente)FundesyramMovimento Mecenas da Vida (MMV), Movimiento de Economía Social y Solidaria del Ecuador (meSSe) e Tijtoca Nemiliztli, A.C.. A iniciativa é apoiada pela Fundação Interamericana (IAF) e conta com a parceria da University of British Columbia (UBC), do Canadá.

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Texto: Clara Comandolli (CEPAGRO)
Fotos: Clara Comandolli (CEPAGRO) e Larisse Cavalcante (LiteFarm)
Fonte: Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro)


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Oficina incentiva criação de meliponários em Ciríaco

No dia 25 de novembro, no Sítio Volpato, localizado na comunidade de São Salvador, em Ciríaco/RS, aconteceu uma oficina sobre manejo de abelhas nativas sem ferrão. O evento, que contou com a participação de 34 pessoas, entre agricultores, agricultoras e crianças da escola local, teve como objetivo promover o conhecimento sobre a importância desses polinizadores e incentivar a criação de meliponários na região.

Durante a atividade, foram apresentadas características das abelhas nativas sem ferrão e os participantes puderam conhecer a estrutura de colmeias da espécie Jataí. A visita ao meliponário do Sítio Volpato, que surgiu a partir de um projeto de valorização da sociobiodiversidade nativa desenvolvido pelo CETAP em parceria com a SEMA/RS e com o apoio da RGE, proporcionou uma experiência prática aos participantes da oficina.

Além de observar os enxames, os participantes também aprenderam sobre as condições ideais para a multiplicação das colmeias e confeccionaram iscas para atrair novas abelhas para seus próprios meliponários. A iniciativa visa fortalecer a criação de abelhas nativas na região, contribuindo para a conservação da biodiversidade e a produção de alimentos saudáveis.


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12º Encontro Estadual da Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas do RS

Com o tema “Valorizando a Biodiversidade, Alimentando a Vida” aconteceu O 12º Encontro Estadual da Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas do RS (CPSFN), nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, em Passo Fundo/RS. Foi oportunidade de celebrar a caminhada e discutir sobre produção, processamento e comercialização, propondo estratégias de valorização da sociobiodiversidade nativa.

A atividade reuniu agricultores que atuam na produção de frutas nativas e no extrativismo de outros produtos da sociobiodiversidade nativa, integrantes das equipes de entidades de assessoria, como o CETAP, Arede e o Centro Ecológico, além de responsáveis por empreendimentos de processamento, logística e comercialização dos produtos. Também acompanharam o encontro representantes da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura – SEMA/RS e da RGE, empresa do segmento de energia elétrica que desenvolve um projeto de parceria com a CPSFN.

Uma estratégia contemporânea para a conservação da biodiversidade

Joana Bassi, Analista Ambiental da Divisão de Flora da SEMA/RS, destacou que a Secretaria entende o trabalho da Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas como uma das estratégias mais importantes e contemporâneas para a conservação da biodiversidade. “Essa iniciativa, que existe desde 2010, tem sido fundamental para construir uma base social sólida no Rio Grande do Sul e impulsionar políticas voltadas para a conservação pelo uso”, disse Joana.

A parceria entre a SEMA/RS e a CPSFN teve início com a construção de uma estratégia para regularizar as agroflorestas. Desde então, essa parceria tem sido fortalecida, resultando em avanços como a certificação agroflorestal extrativista e a inserção da conservação pelo uso nas políticas nacionais e territoriais.

Alvir Longhi, da equipe técnica do CETAP e integrante da Coordenação da CPSFN, avaliou que o 12º Encontro da Cadeia demonstra a força e a longevidade desse movimento. “A cada ano, atores e atrizes de todos os segmentos se reúnem para discutir e planejar as ações futuras, reafirmando compromissos e princípios como o fortalecimento das unidades comunitárias, a gestão participativa dos empreendimentos e a intensificação da comercialização. Os resultados ao longo desses 12 anos demonstram que a Cadeia tem sido eficaz em fortalecer a produção e a comercialização de produtos da sociobiodiversidade, contribuindo para a conservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico da região”, concluiu.


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3º Encontro sobre Abelhas Nativas Sem Ferrão reúne meliponicultores em Erechim

O 3º Encontro sobre Abelhas Nativas Sem Ferrão na Região Alto Uruguai do RS acontece no dia 30 de novembro, no Auditório do Bloco B da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Erechim. O evento, que tem como objetivo promover a troca de experiências e o aprimoramento das técnicas de criação de abelhas nativas, reunirá meliponicultores, pesquisadores, estudantes e técnicos da área.

A programação contará com palestras sobre boas práticas na produção de mel, empreendedorismo na meliponicultura, agroindústria e legalização do processamento. Além disso, serão realizadas oficinas e rodas de conversa sobre diversos temas relacionados às abelhas nativas.

Um dia dedicado às abelhas

O encontro terá início às 8h, com o credenciamento dos participantes. Ao longo do dia, assessores convidados abordarão temas como a produção de mel, as oportunidades de negócios no setor e os aspectos legais envolvidos na comercialização de produtos derivados da meliponicultura.

No período da tarde serão realizadas oficinas e rodas de conversa abordando temas relacionados ao manejo e multiplicação das abelhas nativas e sobre processamento e utilização do mel para a saúde e também como fonte de renda. Serão oferecidas oficinas para o público que está interessado no tema e iniciando a criação das abelhas nativas e também para quem já tem experiência no manejo e busca trocar experiências e aprimorar técnicas.

Para encerrar o evento, será servido um coquetel com produtos da biodiversidade nativa, uma oportunidade para os participantes degustarem alimentos produzidos a partir das frutas nativas do Rio Grande do Sul.

Inscrições e informações

As inscrições podem ser feitas até o dia 24/11, de forma online, preenchendo o formulário AQUI.

A taxa de inscrição é de R$ 20,00 e inclui o almoço no Restaurante da UFFS. Há também a opção de participar somente do evento, sem o almoço, por R$ 5,00.

Maiores informações e escolha da oficina da tarde pelos telefones/WhatsApp: (54) 98405-1229, com Vitor e (54) 99640-6514, com Edson.

Sobre as abelhas nativas sem ferrão

As abelhas nativas sem ferrão são polinizadores essenciais para a agricultura e a conservação da biodiversidade nativa. No entanto, muitas espécies estão ameaçadas de extinção devido à perda de habitat e ao uso de agrotóxicos. O cultivo dessas abelhas contribui para a preservação do meio ambiente e para a produção de alimentos de alta qualidade nutricional.


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Oficina ensina a construir iscas para abelhas nativas em Caseiros/RS

Em um encontro realizado no dia 22 de outubro, no Sítio Renascer, em Caseiros/RS, um grupo diverso de pessoas aprendeu a construir iscas para capturar abelhas nativas sem ferrão. A iniciativa, promovida em parceria pelo CETAP e o sítio, reuniu agricultoras e agricultores da região, integrantes da APAE de Muliterno/RS e do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Caseiros, com o objetivo de promover a conservação da biodiversidade e incentivar a criação de abelhas nativas.

O grupo de aproximadamente 30 pessoas se reuniu em um jabuticabal, onde a equipe técnica do CETAP conduziu a oficina, abordando a importância das abelhas nativas para a sociobiodiversidade local e ensinando técnicas para confecção das iscas utilizando materiais simples e de fácil acesso. Após a construção, as iscas foram instaladas em árvores da mata, onde serão monitoradas para verificar a aproximação de enxames.

Além de promover a conservação ambiental, a atividade também busca incentivar a criação de meliponários na região. O Sítio Renascer integra o projeto de restauração de nascentes em parceria com o CETAP, SEMA e RGE, tendo previsto na proposta que está sendo executada, aliar a criação de abelhas nativas com a conservação da sociobiodiversidade


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